A Plataforma PAJE é uma associação sem fins lucrativos, com sede em São Martinho do Bispo, que tem o propósito de orientar, apoiar e formar jovens e adultos com vivência de acolhimento residencial, promovendo uma autonomização bem-sucedida, transições favoráveis e inclusão social. Desenvolve atividade desde 2016, tendo já dado resposta a mais de 400 de pedidos de ajuda, sendo a única entidade em Portugal que se dedica a apoiar jovens que cresceram em casas de acolhimento.
Recorde-se, ainda, que PAJE recebeu, no passado dia 13 de dezembro, o Prémio Direitos Humanos 2023, atribuído pela Assembleia da República. Uma distinção conferida pelo seu trabalho de promoção da inclusão social e laboral de jovens adultos, que viveram acolhidos em crianças, através do apoio em situações burocráticas quotidianas e também de psicológico e jurídico, realizado por profissionais voluntários com conhecimento e experiência.
A Câmara Municipal de Coimbra tem apoiado a Plataforma PAJE. O executivo municipal aprovou, na sua reunião de dia 22 de maio 2023, a atribuição de apoio financeiro de 4.631,25 euros à PAJE, através da celebração de um Contrato-Programa de Desenvolvimento Social, de modo permitir que Coimbra continue a disponibilizar à população, nomeadamente aos jovens ex-acolhidos, respostas e serviços especializados direcionados para a inclusão social e laboral.
O presidente da PAJE, João Pedro Gaspar, contou, em declarações à LUSA, que a plataforma já apoiou jovens “em situações de desespero”, como fome, falta de medicação, alojamento, emprego, e ajudou alguns a sair da situação de sem-abrigo, prestando também apoio psicológico e na área da saúde mental. “Também visitamos jovens em prisões, e eventualmente somos a única visita que têm”, adiantou o responsável. A PAJE também presta aconselhamento em situações burocráticas do quotidiano, como ajudar preencher o IRS, até ser fiadora num contrato de arrendamento ou pagar a carta de condução a um jovem que precise, mas também na questão da integração profissional.
“São já várias dezenas de jovens que conseguimos de alguma maneira ajudar a colocar em termos de empregabilidade e, acima de tudo, a manter os empregos”, sublinhou o João Pedro Gaspar, acrescentando que “às vezes é fácil conseguir um emprego, mantê-lo é que é mais difícil, porque nem sempre são trabalhadas as questões do respeito pela hierarquia, do cumprimento dos horários, da responsabilidade e é todo esse trabalho” que a plataforma faz para que os jovens possam assegurar o seu posto de trabalho.
Questionado se têm aumentado os pedidos de ajuda de jovens que saem de instituições de acolhimento, afirmou que sim, mas ressalvou que pode dever-se à divulgação da PAGE e, em parte, por ter sido agraciada com o Prémio Direitos Humanos atribuído pela Assembleia da República no final de 2023. Por outro lado, realçou que há menos pedidos de jovens que saem de forma extemporânea da instituição: “Durante muitos anos sentíamos que havia muitos jovens que, na ânsia dos 18 anos [quando atingiam a maioridade] saíam e ultimamente temos notado que há menos casos”.
Segundo o responsável, esta situação pode dever-se ao facto de ter entrado em vigor a lei que permite o direito ao arrependimento. “Algum jovem que aos 18 anos queira sair do sistema de promoção e proteção, se as coisas não lhe correrem bem, pode pedir para reingressar”, revertendo assim “uma decisão que tantas vezes é uma decisão precipitada, porque 18 anos são 18 anos”.
LUSA/ CM de Coimbra
Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Nuno Ávila