O presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Manuel Machado, atribuiu hoje, no Dia Nacional da Paralisia Cerebral, uma medalha de reconhecimento e homenagem ao atleta paralímpico António Marques, o praticante de boccia mais medalhado do mundo, que conquistou uma medalha de bronze, nos últimos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. “António Marques destaca-se pela sua força, pela genica, pela capacidade de resistência, por vencer as contrariedades da vida (…) e levou a todos os sítios por onde passou a bandeira de Coimbra”, afirmou Manuel Machado, durante uma sessão, com momentos emocionantes, que decorreu no Salão Nobre da CMC.
“O desporto pode criar esperança onde outrora só havia desespero. É mais poderoso do que o governo na destruição de barreiras raciais. O desporto ri na cara de todos os tipos de discriminação.” Foi assim, citando Nelson Mandela, que o presidente da CMC iniciou o seu discurso de homenagem a António Marques, logo após lhe ter entregue a medalha de reconhecimento da autarquia.
“Obrigado, ao presidente da Câmara. A todos aqui”, afirmou, por sua vez, António Marques, dirigindo-se ao presidente da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), Antonino Silvestre, e ao presidente do Comité Paralímpico, Humberto Santos – que se encontravam sentados ao seu lado na mesa – e a todos, algumas dezenas, dos que estavam na plateia, desde a sua mãe, ao seu treinador, a amigos da APCC, à vice-presidente da CMC, Rosa Reis Marques, à vereadora Carina Gomes, aos vereadores Carlos Cidade e Jorge Alves, e ao presidente da Câmara Municipal de Penacova, Humberto Oliveira.
“Que esta homenagem sirva também para que este exemplos frutifiquem”, afirmou ainda Manuel Machado, realçando “o trabalho excecional” que a APCC tem feito com todos os seus utentes. “António Marques é nosso concidadão, nasceu no município vizinho de Penacova e veio para esta instituição notável, que tem feito um trabalho excecional”, sublinhou o presidente da CMC. Manuel Machado elogiou ainda o trabalho do Comité Paralímpico, por “ajudar a consolidar estas vitórias”.
“É uma honra para a Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, para mim próprio, estar aqui, neste dia, nesta homenagem da Câmara Municipal de Coimbra”, afirmou, por sua vez, Antonino Silvestre. “O António merece e a APCC também merece”, acrescentou, passando, de seguida, a palavra ao presidente do Comité Paralímpico. “Este atletas são um exemplo, no plano desportivo, mas também no seu quotidiano. Que este reconhecimento se possa traduzir no esforço da APCC e de todos os atletas paralímpicos que Portugal tem”, declarou Humberto Santos.
António Marques nasceu a 25 de outubro 1963, em Penacova, distrito de Coimbra, fez o ensino básico na escola primária de Aveleira e entrou para a APCC com 14 anos. Perto de celebrar 53 anos, tem um currículo desportivo impressionante. A sua última conquista foi a medalha de bronze, nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, que decorreram entre 7 e 18 de setembro deste ano. Em quase três décadas, o atleta esteve em Seul 88, Barcelona 92 (a única em que não conquistou medalhas), Atlanta 96, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008 e Rio de Janeiro 2016. Ao todo, detém oito medalhas em Jogos Paralímpicos, visto que às sete em boccia soma uma em atletismo (lançamento de precisão). Foi, durante muito tempo, recordista mundial da modalidade de lançamento em altura.
No total, já conquistou 19 medalhas internacionais, em Jogos Paralímpicos (8), Campeonatos do Mundo (5) e da Europa (6). Por grau de importância, estas dividem-se por 6 de ouro, 7 de prata e 6 de bronze. António Marques é também, a nível mundial, o praticante de boccia que há mais tempo compete em provas internacionais.
O Boccia tem influências do jogo tradicional petanca e tornou-se uma modalidade Paralímpica, em 1984, nos jogos de Nova Iorque. É a modalidade principal para atletas portadores de paralisia cerebral. Trata-se de um desporto praticado em espaços fechados, de precisão, em que são arremessadas bolas – seis de couro azuis e seis vermelhas -, com o objetivo de as colocar o mais perto possível de uma bola branca chamada de “jack” ou bola-alvo. É permitido o uso das mãos, dos pés ou de instrumentos de auxílio para atletas com grande comprometimento nos membros superiores e inferiores. Uma modalidade que pode ser disputada de forma individual, por pares ou por equipas.