“António Nogueira Gonçalves. Colaboração em publicação periódicas” é uma obra dividida em dois volumes, composta por 1148 páginas, que inclui 581 artigos que o padre e historiador foi escrevendo ao longo da sua vida e publicando na imprensa local, mais concretamente no Diário de Coimbra, Comarca de Arganil e Correio de Coimbra, entre os anos 1921 e 1991. Textos simples, onde Nogueira Gonçalves transmite os seus conhecimentos sobre a história da arte portuguesa, que estavam dispersos e de difícil acesso, mas que, depois de um exigente e rigoroso trabalho de recolha, foram compilados pelos coordenadores científicos da obra, Regina Anacleto e Nelson Correia Borges.
O livro foi apresentado, ontem, na Casa Municipal da Cultura, pelo vice-presidente da Academia Nacional de Belas Artes, Vítor Serrão, que salientou a importância do “trabalho meticuloso” que foi feito e recordou António Nogueira Gonçalves como “uma figura maior do domínio das várias artes”. Estiveram ainda presentes na sessão de lançamento do livro a vereadora da Cultura da CM Coimbra, Carina Gomes, e os coordenadores científicos da obra, Regina Anacleto e Nelson Correia Borges, que realçaram a importância desta homenagem, recordando como foi conviver com o padre António Nogueira.
A obra reconhece António Nogueira Gonçalves “como uma figura incontornável da historiografia da arte em Portugal, em especial, da região de Coimbra”, tal como refere o presidente da CM Coimbra, Manuel Machado, no texto de introdução do livro. “O seu conhecimento profundo de arte, uma arguta observação e uma erudição multifacetada, atribuíram grande credibilidade científica aos seus artigos, que passaram a constituir fontes de referência e de consulta obrigatória no que respeita à história da arte em Portugal”, refere o presidente da CM Coimbra.
“A sua dedicação à investigação e ao ensino contribuíram reconhecidamente para o perpetuar da nossa memória coletiva, deixando para as gerações vindouras um legado intelectual incalculavelmente mais rico”, acrescentou ainda Manuel Machado, recordando os inúmeros reconhecimentos públicos institucionais que já foram feitos a Nogueira Gonçalves, nomeadamente “o da Câmara Municipal de Coimbra, com a atribuição da Medalha de Ouro da Cidade, em 1983”. “Esta obra, agora editada pelo Município de Coimbra, renova o reconhecimento do eminente historiador, pelo seu trabalho, investigação, dedicação e divulgação da arte em Portugal”, concluiu o autarca.
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Notas Bibliográficas | António Nogueira Gonçalves
António Nogueira Gonçalves (1901 – 1998), nasceu na Sorgaçosa, freguesia de Pomares, concelho de Arganil, tendo, desde muito cedo, demonstrado grande interesse, conhecimento científico e erudição por diversas áreas culturais e artísticas. Escreveu vários textos sobre arte mas a sua obra mais relevante centra-se nos Inventários Artísticos da cidade de Coimbra (1974) e do distrito de Coimbra (1952) e distrito de Aveiro. Foi colaborador de várias revistas especializadas de arte e colaborou em vários jornais. Participou em múltiplas conferências e emitiu vários pareceres sobre conservação e restauro de edifícios e obras de arte. Foi conservador do Museu Nacional Machado de Castro e em 1968 a Universidade de Coimbra convidou-o para lecionar, na Faculdade de Letras, as disciplinas de História de Arte.
A Universidade de Coimbra, concedeu-lhe o grau de doctor honoris causa em 1979. A Academia Nacional de Belas Artes elevou-o à categoria de Académico de Honra e agraciou-o em 1991 com a medalha de mérito de Belas artes, classe de ouro. O Governo atribuiu-lhe a medalha de mérito cultural em 1991. Em 1983 A Câmara Municipal de Coimbra, terra que adota como sua, atribui-lhe a medalha de ouro da cidade e o título de cidadão honorário e a Câmara Municipal de Arganil honrou-o com a atribuição da medalha de ouro do município em 1992.
O Padre António Nogueira Gonçalves, de saber diversificado e profundo, escreveu sobre Ourivesaria, Cerâmica, Tecidos, Escultura, Pintura, Arquitetura, e tantos outros aspetos de arte, sendo difícil encontrar no nosso país quem tão silenciosamente tenha feito uma obra tão importante. É hoje figura incontornável da historiografia da arte em Portugal, tendo deixado fontes preciosas e únicas para o conhecimento da arte portuguesa e em particular da cidade e região de Coimbra.