Depois de uma greve que nada acrescentou e nada resolveu, apenas prejudicou os utentes, e que, comparando com os quatro anos do anterior mandato, é fácil perceber que foi mais política do que laboral, mas que respeitamos democraticamente, os SMTUC continuam, naturalmente na ordem do dia.

Sobre a extemporaneidade da greve já dissemos o essencial. Não retirámos nenhum direito aos trabalhadores, respondemos à maioria das suas reivindicações, já tínhamos marcado nova reunião negocial e sempre nos manifestámos disponíveis para o diálogo, ao ponto de tomarmos a iniciativa de convidar os trabalhadores para um Plenário e estarmos presentes e disponíveis para responder a todas as questões, sem qualquer problema, onde reafirmámos que estaríamos presentes nos plenários por eles convocados sempre que nos convidassem. Algo que nunca aconteceu nesta Câmara. A cultura do diálogo e a procura séria da resolução de todos os problemas é a nossa cultura e não nos assusta.

Porém, voltamos a esta temática porque continuam a ser alimentadas algumas mentiras sobre a nossa intenção futura para os SMTUC. Alguns agentes, felizmente poucos, na falta de argumentos válidos, procuram confundir e condicionar as pessoas pela desinformação e pelo medo, sem apresentarem nenhum argumento fundamentado a seu favor. Apenas sabem falar do passado, incapazes de conceber uma Coimbra de futuro. Em 1920 a humanidade ainda não tinha ida à lua, em 1980 ainda não havia internet, a BlackBerry lançou o seu primeiro smartphone em 2002 e tudo mudou entretanto. Os tempos, agora, são outros e os responsáveis que não conseguem perceber e adaptar-se ficam para trás e, pior, desgraçam as instituições.

Umas das últimas falsas notícias que foram lançadas, eventualmente com base em alguma confusão, alegadamente por motoristas que terão ido a entrevistas na Transdev, é que a Transdev já teria a garantia que ia ficar com as concessões todas, entenda-se as concessões do concelho de Coimbra, e que, por conseguinte, o presidente da Câmara estava a enganar as pessoas. Já trocámos emails urgentes com a Transdev, que desmentiu categoricamente e por escrito que alguém daquela empresa pudesse ter feito uma afirmação dessas!

Que fique bem claro que nós não sabemos o que vai acontecer com os concursos, em curso, para as concessões das carreiras intermunicipais sob a responsabilidade da CIM/RC, e até que alguém possa, de boa-fé, ter feito confusão entre as responsabilidades da CIM/RC e da CMC, o que podemos garantir é que, relativamente às linhas urbanas, e sublinho, relativamente às linhas urbanas do concelho de Coimbra, continuarão a ser exclusivamente operadas pela Câmara Municipal e pelo seu operador interno – os Transportes Coletivos da Câmara Municipal de Coimbra.

Desejamos que as pessoas que alegadamente lançaram esta falsa notícia se retratem do que alegadamente disseram, porque, sinceramente, esperamos que mais esta confusão instalada não seja apenas mais umas das deliberadas manifestações da mais mendicante politiquice de quem defende o imobilismo e de quem pretende que os SMTUC continuem estagnados no passado e a funcionar deficientemente no presente e no futuro.

Não podemos manter os SMTUC no estado atual, que as funcionárias e os funcionários dos SMTUC bem conhecem e também não desejam, porque têm consciência e brio profissional. A verdade é que, porque factos são factos, por mais que se peça e exija otimização e planeamento atempado, os circuitos internos não funcionam como deviam e lá vem quase sempre o recado de “muito urgente”, senão os transportes param… As questões arrastam-se até à última hora e depois são invariavelmente propostos ajustes diretos simplificados (sempre muito urgentes), pagando-se mais, pelo mesmo produto, agravando o financiamento dos SMTUC, que é feito com os nossos impostos. A verdade é que não há planeamento adequado e isso não é da responsabilidade de um Conselho de Administração que, por força do modelo de gestão em serviço municipalizado, funciona em muito limitado part-time. Gerir com base em urgências e nas necessidades do dia a dia, é a pior forma de gerir qualquer instituição ou organização, aliás, é exatamente a antítese de qualquer conceito de gestão.

O que nos distingue claramente das pessoas que cristalizaram no passado e que, por via disso, tanto lesaram Coimbra, é que nós queremos desenvolver e acelerar progressivamente Coimbra e os SMTUC para a modernidade e para o futuro. Muitos dão exemplos de outras cidades em que os transportes públicos funcionam bem, reconhecendo que, em Coimbra, há muitos anos que funcionam mal e não servem devidamente todas as populações, uma das razões para o excessivo uso da viatura automóvel.

Pois bem, o que nós fazemos questão de reafirmar aos conimbricenses é que, para melhorar os transportes públicos em Coimbra é preciso mudar e melhorar o seu modelo de gestão. Nenhuma instituição funciona bem sem uma boa gestão, sem planeamento atempado e de qualidade. O povo queixa-se dos transportes, maioritariamente com razão, por isso os SMTUC nem sequer têm uma boa imagem junto do povo, devido às múltiplas falhas, como se pode ler nas redes sociais, mas, incompreensivelmente, há quem defenda o imobilismo e que tudo se mantenha na mesma! Ora, nas últimas eleições autárquicas o povo disse claramente que queria mudança. É exatamente o que estamos a fazer, para melhor servirmos os utentes. Identificarmos um problema, que até é público, e não atuarmos sobre a génese desse problema, isso sim, seria defraudar todos os munícipes de Coimbra.

Com a internalização, nós estamos a desenvolver os SMTUC, a torná-los melhores, a prepará-los para o futuro. Vamos dar força e centralidade aos SMTUC, a força de toda a organização, conhecimento e recursos da CM Coimbra, como já explicámos exaustivamente! Com esta reestruturação, pretendemos melhorar progressiva e fortemente os SMTUC e torná-los mais eficientes, para recuperar a procura do passado e atrair novos passageiros. Os transportes públicos têm de passar a ser o meio de transporte privilegiado pela maioria das pessoas, independentemente da sua condição social, nomeadamente para melhorar a qualidade de vida urbana e ganharmos o desafio climático. Para isso, temos de colocar os SMTUC a responder, com qualidade que se exige, às necessidades da sociedade do século XXI.

Por conseguinte, reiteramos que a reestruturação dos SMTUC é para melhor gerir os SMTUC e melhor servir todas e todos os munícipes e que rejeitamos categoricamente qualquer ideia de privatização.

Nesse sentido, e para apaziguar as mentes que se atêm muito ao rótulo, decidimos inclusivamente manter a denominação SMTUC, para que não persistam quaisquer dúvidas em ninguém. Assim, depois da internalização, manteremos a designação de SMTUC, como Serviço Municipal de Transportes Urbanos de Coimbra. Os SMTUC são e continuarão a ser, sempre, um serviço público municipal dos munícipes de Coimbra e de todas e todos os que vêm trabalhar e estudar para o concelho de Coimbra. Deste modo, em termos de perceção do público, a única coisa que poderia mudar nessa perceção, pois o nível de serviço não seria negativamente afetado, o objetivo é precisamente melhorar o serviço público, nem sequer a sigla se alterará. O nosso propósito é melhorar a gestão e as sinergias dos SMTUC, não introduzir algum nível de agitação ou desconfiança, que foram artificialmente criadas.

Finalmente, porque também tem sido objeto de deliberada confusão por algumas mais tortuosas mentes, recordamos que o ACEP não se aplica aos SMTUC, exatamente por ser um serviço municipal com autonomia administrativa e financeira, mas que, com a sua internalização, a aplicação do ACEP a todas e todos os trabalhadores dos SMTUC será automática e imediata, com todos os inerentes benefícios para os trabalhadores.

Em conclusão, a reestruturação dos SMTUC, com a sua internalização na Câmara, respeita todos os direitos e deveres das trabalhadoras e dos trabalhadores dos SMTUC, acrescenta a aplicação automática do ACEP e permite-nos gerir os SMTUC com mais rigor e espírito de equipa alargada, poupando na agilização e nas sinergias criadas a vários níveis, de forma a termos meios suficientes para melhor servirmos a população de todo o concelho e para correspondermos a mais alguns legítimos anseios laborais, relativamente aos quais faremos o que está ao nosso alcance, continuando a exigir e a aguardar uma resposta do Governo socialista às nossas propostas relativas à carreira de Agente Único.

Finalmente, apraz-me registar que um candidato à concelhia de Coimbra do PS escreveu num órgão local da comunicação social que, e cito “Para tanto, e contando que estes três valores sejam devidamente acautelados – “trabalhadores”, “utentes” e “sustentabilidade ambiental” – o Partido Socialista deve estar disponível para negociar todas as soluções em cima da mesa: empresarialização dos SMTUC, manter os SMTUC como um serviço municipalizado ou, inclusive integrá-lo na Câmara Municipal. Em qualquer uma destas possíveis soluções, contudo, a linha vermelha para o Partido Socialista deverá ser sempre a mesma: recusar qualquer forma de privatização futura dos SMTUC.” É fácil constatar que o que nós propusemos foi exatamente a integração dos SMTUC na CM Coimbra, respeitado os valores referidos, e que, desde o início, negámos com veemência a sua privatização.

Portanto, não há nenhuma razão para que a proposta deste executivo não vá avante. É boa para as trabalhadoras e os trabalhadores dos SMTUC, é boa para todos os munícipes, é fundamental para gerir com rigor o dinheiro dos nossos impostos e é necessária para melhorar os transportes públicos de Coimbra, que enfrentam enormes desafios no presente e no futuro.