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18 Novembro 2022

200 anos do nascimento de Joaquim Martins de Carvalho

A Câmara Municipal (CM) de Coimbra relembra o bicentenário do nascimento de Joaquim Martins de Carvalho, ilustre jornalista e historiador de Coimbra, que fundou “O Conimbricense”.

Por um feliz acaso, nasceu a Biblioteca Municipal de Coimbra (BMC) precisamente no ano em que se assinalava, na cidade, o centenário do nascimento de Joaquim Martins de Carvalho. 100 anos depois, estando a BMC prestes a celebrar o seu 100º aniversário, evocar o bicentenário do nascimento deste conimbricense ilustre (e ilustrado) significa, também, recordar e homenagear um nosso concidadão cuja vida não pode dissociar-se da causa da leitura e das bibliotecas. Nascido em Coimbra a 19 de novembro de 1822, menos de dois meses passados sobre a consagração constitucional da revolução liberal de 1820, com a aprovação do nosso primeiro texto constitucional (a Constituição de 1822), este cidadão de firmes convicções liberais (chegou a estar preso no Limoeiro, por envolvimento na Revolta da Maria da Fonte), viria a desenvolver, em Coimbra, uma multiforme ação cívico-cultural.

 

Historiador autodidata, enriqueceu a historiografia oitocentista portuguesa com obras tão significativas como Apontamentos para a história contemporânea; Assassinos da Beira: Novos Apontamentos para a História Contemporânea, saído dos prelos da Imprensa da Universidade respetivamente em 1868 e 1890.

 

Órfão desde cedo, viu-se impedido de prosseguir os estudos iniciados com os padres jesuítas. Empregado comercial e depois latoeiro (ou funileiro) de profissão, Joaquim Martins de Carvalho conhecia por saber de experiência feito, o valor da leitura e das bibliotecas como instrumento inestimável de formação de cidadãos esclarecidos e de promoção das classes laboriosas, uma causa que abraçou, também, como elemento ativo do movimento operário em Coimbra.

 

Nas colunas do jornal O Conimbricense, que fundou (em 1854, mudando o título do jornal Observador) e dirigiu até 1898, data do seu falecimento, o “Doutor das Latas” – alcunha pela qual foi conhecido e de que ele mesmo se orgulharia – defenderia, incansavelmente, a causa do associativismo e da instrução popular, para ele indissociáveis da difusão da leitura e da criação de bibliotecas populares.

 

Nesta sua tribuna (O Conimbricense), repositório de valor inestimável para a história de Coimbra,  pela “vastidão e a importância dos assuntos publicados no jornal ao longo dos anos”, que “faz dele uma fonte inultrapassável sobre os acontecimentos económicos, políticos, sociais e literários de finais do século XIX” (Cf. Indice Ideográfico de O Conimbricense, dir. José Pinto Loureiro) lançou Martins de Carvalho, em 1855, a ideia de se criar em Coimbra uma biblioteca pública municipal, num artigo de enorme relevância para história da génese oitocentista da BMC (história essa que a exposição comemorativa do centenário não deixará de evocar). No mesmo jornal propugnaria, aliás, incansavelmente, a criação de várias outras bibliotecas de índole popular, pois, como afirmaria, mais tarde, num outro artigo de O Conimbricense, “Foram sempre os nossos sonhos dourados a criação de uma biblioteca, ou bibliotecas populares nesta cidade”.

 

O amor de Joaquim Martins de Carvalho pelos livros e pela leitura traduziu-se, também, na constituição de uma notável biblioteca pessoal, organizada, no dizer de Brito Aranha, “com a paciência excecional de um beneditino”. Os seus receios de que a sua livraria, após a sua morte, viesse a dispersar-se, pareciam confirmar-se, em 1923, perante o anúncio da venda em leilão da “Importante Livraria que pertenceu aos falecidos Jornalista Joaquim Martins de Carvalho e General Francisco Augusto Martins de Carvalho…”, não fosse a lúcida e eficaz intervenção de um grupo de amigos da recém-inaugurada BMC. Com efeito, no ano em que a BMC abria ao público (após uma “longa gestação” de quase 70 anos), esses amigos da Biblioteca e de Coimbra – para quem Joaquim Martins de Carvalho não deixaria de ser uma figura inspiradora, em novas iniciativas em favor da afirmação, em Coimbra, de uma “casa de leitura” efetivamente aberta a todos – organizaria na cidade uma subscrição pública, justamente para aquisição – para o património da Biblioteca Municipal – de uma parte importante da célebre livraria Martins de Carvalho.

 

 A BMC – pode dizer-se – salvava da dispersão a biblioteca particular daquele que, em certo sentido, se pode considerar um pai-fundador da BMC, e, sem dúvida alguma, uma figura de relevo para a história da leitura pública em Portugal.

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