Um livro sobre uma figura marcante do século XVII
A obra acompanha o percurso de Gabriel da Costa, que saiu do Porto como figura anónima e ficou conhecido como Uriel da Costa, num trajeto marcado pela contestação religiosa e pela tragédia pessoal na Europa do século XVII. Passou por Coimbra, onde estudou cânones, num contexto intelectual particularmente vibrante.
A saída de Portugal, juntamente com familiares, resultou tanto da procura interior pelo judaísmo e pela verdade como da pressão inquisitorial sobre os cristãos-novos.
Da procura de pertença ao conflito e ao ostracismo
No estrangeiro, procurou integrar-se na comunidade judaica portuguesa — primeiro em Hamburgo e depois em Amesterdão — mas enfrentou rejeição e conflitos sucessivos. Pensador herético, desafiou dogmas da religião revelada, o que conduziu ao ostracismo e a uma humilhação pública que marcou a sua vida. É frequentemente apontado como precursor de Espinosa e uma figura relevante do livre-pensamento.
Autor e enquadramento da iniciativa
Marcos Bazmandegan é filósofo da religião, doutorado pela Universidade Católica Portuguesa e investigador da Universidade do Porto e da Universidade Lusófona, com trabalho centrado no pensamento judaico, na teologia do Holocausto e em autores como Uriel da Costa e Bento de Espinosa.
A iniciativa insere-se na dinamização do núcleo museológico do Edifício da Inquisição, onde está patente, desde 2021, a exposição “Judeus de Coimbra: da Tolerância à Perseguição — Memórias e Materialidades”, e reforça o envolvimento do Município no programa europeu Interreg Europe JEWELS TOUR, dedicado à valorização do património judaico.