As apresentações decorreram na Sala Laborinho Lúcio e conduziram o público por universos inspirados na sabedoria popular, nas crenças e nos imaginários coletivos associados às rezas, mezinhas e benzeduras. Este momento final permitiu aos participantes a experiência de subirem a um palco profissional e o contacto direto com as linguagens cénicas do som, da luz e do espaço, valorizando o processo criativo e o trabalho intergeracional desenvolvido.
No segundo dia, subiram a palco utentes do CAMPS 4 Coimbra – Centro de Apoio Médico, Psicológico e Social da Liga dos Combatentes, do Centro Social Nossa Senhora da Conceição, do Centro Sócio-Cultural Nossa Senhora de Lurdes e da Obra Social de Torre de Vilela. As apresentações conduziram o público por quatro lugares simbólicos e inquietantes, desde uma cidade onde se prega o amor de Belzebu a uma aldeia de queixosos, passando por uma viela assombrada e por uma vila onde os dinheiros se perdem.
No dia anterior, participaram o Centro Social, Cultural e Recreativo de Botão, o Centro Social Paroquial da Pedrulha e a Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco, com uma proposta cénica que recriou um peculiar “call center”, estabelecendo ligações diretas para o além, entre almas penadas e figuras do imaginário popular.
Ao longo das duas sessões, o projeto contou ainda com a participação do Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, reconhecido pelo seu trabalho de recolha e preservação etnográfica, que contribuiu para a reconstituição de tradições locais e o reforço da identidade cultural da iniciativa.
O Teatro e Memória voltou, assim, a afirmar-se como um espaço de criação artística, partilha de saberes e valorização das memórias coletivas, promovendo o encontro entre gerações e a expressão cultural enquanto ferramenta de inclusão e cidadania.
Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Nuno Ávila