“Entre a Ciência e a Literatura – Rotas para a Formação de Leitores” foi o tema do 4.º Encontro de Literatura Infantil e Juvenil, que começou ontem e prosseguiu esta manhã, na Casa Municipal da Cultura, terminando, durante a tarde, no Exploratório – Centro de Ciência Viva de Coimbra.
O evento decorreu no âmbito do plano de ação “Coimbra a ler+” (relacionado com a missão das bibliotecas públicas enquanto promotoras da leitura e outras literacias, no sentido de uma maior informação, alfabetização, educação e cultura), consolidado através da parceria entre a Câmara Municipal de Coimbra e a Rede de Bibliotecas Escolares Concelhias. No projeto colaboram ainda os centros de formação Minerva e Nova Ágora, a Cooperativa Bonifrates, o Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra – Rómulo de Carvalho e o Exploratório Ciência Viva de Coimbra.
Moderado por Helena Duque, da Rede de Bibliotecas, as comunicações, da manhã, foram realizadas por António Piedade, Francisco Gil e Carlos Fiolhais.
“A escrita de ciência” foi o tema abordado na primeira comunicação do dia, pelo bioquímico António Piedade, que apresentou a intertextualidade nas obras de divulgação científica. Um comunicador de ciência, segundo o docente, estabelece uma ponte escrita, um diálogo intertextual, não só entre o artigo científico de que parte e o texto de divulgação científica, mas também entre o leitor e o cientista. Para António Piedade, o divulgador de ciência não se limita a escrever sobre um dado conhecimento científico.
Seguiu-se Francisco Gil, docente universitário e investigador da Universidade de Coimbra (UC), que abordou a “Ciência, Arte e Património: instrumentos para ler o mundo”. Para o professore auxiliar do Departamento de Física da UC, o estudo das obras com valor patrimonial, inclui a sua caracterização e a identificação dos materiais que as constituem, através de técnicas laboratoriais; a sua contextualização temporal, social e cultural, envolvendo conhecimentos de história, sociologia e história de arte; o entendimento dos processos de alteração a que podem estar sujeitas, envolvendo análises químicas e estruturais.
A encerrar as comunicações da manhã, o professor universitário e investigador da UC, Carlos Fiolhais, abordou a “Ciência e Literatura. Encontros e desencontros”. Doutorado em física pela Universidade de Frankfurt, o docente afirmou que a Natureza gosta do belo e há até um físico contemporâneo que chegou ao ponto de afirmar que o mundo era uma obra de arte. Na sua comunicação, exemplificou que, embora para Fernando Pessoa arte e ciência fossem atividades distintas [escreveu, pelo heterónimo Álvaro de Campos, em 1935 que: “O binómio de Newton é tão belo com a Vénus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso (…)”], é notável que ele tenha chegado a uma metáfora sobre a relação da ciência com a arte que é semelhante a algumas dos melhores cientistas.
O 4.º Encontro de Literatura Infantil e Juvenil prosseguiu, com muita animação, durante a tarde, no Exploratório Ciência Viva de Coimbra, sob o tema “Roteiros de Leitura: O Espaço do Escritor, O Espaço do Museu, O Espaço do Teatro”.
A companhia de teatro Bonifrates surpreendeu os presentes, que foram divididos em quatro grupos, com interpretações várias no espaço, de 800 m2, que acolhe a principal exposição patente no Exploratório, “Em Forma com a Ciência”. Seguiu-se a visualização do filme “Seleção Natural”, na sala de cinema especial “Hemispherium”, onde através da projeção hemisférica, os filmes são projetados a 360º num teto em formato de cúpula, permitindo que se visualizem os filmes sentado ou deitado.
De seguida todos puderem ver a exposição interativa onde é possível descobrir ciência para lá da moral da história. Um ambiente mágico numa exposição alegre, colorida, positiva e irreverente que agradou a todos.
O 4º Encontro de Literatura Infantil e Juvenil, foi uma iniciativa reconhecida pelo Ministério da Educação, dirigida a docentes e outros mediadores da leitura, inclusive, formandos que não pretendam os créditos, e, pretendeu fazer uma abordagem e uma reflexão sobre o interesse e a importância da relação entre a ciência e a literatura em diferentes contextos, diferentes leituras, literacias diversas, papel e influência das bibliotecas municipais e escolares e outros equipamentos culturais na educação e formação do cidadão.