As ruas estreitas da Alta, as travessas, os becos, os largos e as Repúblicas de Estudantes serviram de pano de fundo a mais uma visita guiada organizada pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC), esta em parceria com o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC). Uma visita dedicada às tradições académicas, às vivências estudantis e à Canção de Coimbra, que decorreu no passado sábado à tarde, e contou com a participação de cerca de seis dezenas de pessoas. A visita foi feita ao som das tunas do IPC, que se encontravam devidamente posicionadas em vários locais emblemáticos da Alta da cidade, para receberem os dois grupos que foram formados para a visita.
A concentração aconteceu junto da igreja da Sé Nova à hora marcada, às 15h00, e foi aí que foram formados dois grupos, para que fosse mais fácil todos ouvirem as histórias que os dois guias da CMC, Branca Gonçalves e Paulo Neves, iam contando ao longo do percurso. A tarde convidava a um passeio ao ar livre e o início da visita era esperado com ansiedade, uma vez que ela contava com um grande atrativo: ia ser feita ao som das tunas do IPC. “Hoje vamos falar menos do que o normal, porque as tunas do IPC é que irão ter destaque”, explicou Paulo Neves, adiantando que cada uma das sete tunas iria tocar três temas, podendo demorar cerca de 15 minutos cada atuação.
O primeiro grupo arrancou e logo de seguida, em plenas escadas da Sé Nova, ouviu-se a primeira tuna, a Tuna Mista do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra. A atuação começou com a interpretação do tema “Um Contra o Outro”, dos Deolinda, seguiu com “Amor em Coimbra”, e terminou com um tema original, “Coimbra Cidade Mágica”. Ouviram-se aplausos, muitas palmas, e a viagem seguiu rumo ao Largo de S. Salvador, entre histórias sobre os conflitos entre a população e os estudantes, o problema dos alojamentos e a criação das repúblicas, e o aparecimento da Canção de Coimbra.
As ruas estreitas, as travessas e os becos, os largos e as repúblicas, o som das tunas, as explicações sobre as tradições e as vivências estudantis transportaram os visitantes para a Coimbra académica dos séculos passados, cheia de estórias, estudantes de capa e batina, por onde passaram vários escritores famosos e outras personalidades que marcaram a nossa história. Falou-se do fado e das serenatas estudantis do século XIX, de todas a mudanças que sofreram até darem origem ao chamado Fado de Coimbra, acarinhado pela comunidade académica e interpretado com um sentimento único. E de como este foi sendo remodelado, dando origem à Canção de Coimbra que a cidade e as suas gentes tão orgulhosamente vão recriando, respeitando a sua essência e a sua génese.
A visita terminou na Casa da Escrita, depois de uma passagem pela Torre de Anto – Núcleo do Fado e da Canção de Coimbra. Mas o percurso foi feito por locais da Alta, como o Largo de São Salvador, a Rua do Loureiro, a Travessa, a Rua e o Largo da Matemática, entre outros. Uma visita que agradou a todos os participantes.
Este mês, estão ainda programadas mais três visitas guiadas. A primeira será no dia 18 e o tema é “A Arte em Coimbra – Arquitetos e Arquitetura Contemporânea”; a segunda está marcada para dia 19 e é sobre “Vivências nos Jardins – Penedo da Saudade”; a última tem como tema “Coimbra dos Escritores – A Coimbra de Zeca Afonso” e vai decorrer no dia 24. Todas têm início às 15h00. As visitas realizam-se com um mínimo de 10 pessoas e um máximo de 30. Os interessados devem fazer a sua inscrição por telefone ou presencialmente, na CMC (Casa Aninhas – 239 857 500 ou Casa Municipal da Cultura – 239 702 630).