“A ‘Operação Flor’ foi um gesto de recriação que, da Portagem até à Praça 8 de Maio, permitiu responder à brutidão das forças opressivas. Um gesto amável, educado e simbólico. E, a partir desse dia, Coimbra percebeu que era melhor o entendimento entre futricas e doutores, que era melhor a aproximação da cidade à Universidade, como temos feito até então, e isso é útil porque serve melhor a nossa comunidade, a nossa Pátria, a Humanidade”, salientou o presidente da CM Coimbra, durante a apresentação do conjunto escultórico.
A placa informativa foi descerrada, a convite de Manuel Machado, pelo atual presidente da Direção-geral da Associação Académica de Coimbra (AAC), Daniel Azenha, e o de 1969, Alberto Martins, perante o olhar atento, também, do escultor Carlos Ramos, do reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, do presidente da Assembleia Municipal, Luís Marinho, e dos vereadores da CM Coimbra, Carlos Cidade, Carina Gomes, Regina Bento, Jorge Alves e Paula Pêgo.
“O sítio é o indicado, pois foi aqui, nas Escadas Monumentais, que houve a expressão visível da repressão logo a seguir ao 17 de abril de 1969. Aqui foi o sítio em que a academia se deu à cidade e percebeu que tinha o carinho da cidade, dos conimbricenses, e esse foi um passo marcante”, acrescentou ainda Manuel Machado, agradecendo a Carlos Ramos por ter aceite o desafio e cumprido com eficácia a sua missão, elogiando ainda o facto do escultor ter conseguido tão bem “passar a mensagem pretendida”. Uma mensagem para “memória futura, de que todos têm lugar na cidade de Coimbra”.
O conjunto escultórico simboliza as flores que os estudantes entregaram à população durante a greve aos exames, que teve início a 2 de junho de 1969, como forma de contestação à ditadura e à opressão que se sentia nas ruas da cidade, completamente invadidas pelas forças policiais. A greve aos exames aconteceu depois de mais de 5000 estudantes terem votado favoravelmente na Assembleia Magna da AAC, sob pena de chumbarem deliberadamente, perderem bolsas de estudo ou serem enviados para a guerra colonial.
As comemorações dos 50 anos da Crise Académica de 1969 contemplam ainda muitas outras iniciativas e estendem-se até dia 6 de outubro. A organização do evento é presidida pela AAC, contando ainda com a CM Coimbra e a UC, e a parceria da Fundação Inatel e da Turismo do Centro. O programa completo das iniciativas pode ser consultado aqui.