Da cimeira resultou uma declaração conjunta que pode ler de seguida:
A designação de uma cidade portuguesa como Capital Europeia da Cultura em 2027 será o resultado de um processo inédito, exigente e desafiante.
A existência de um concurso nacional prévio à designação é o elemento que distingue mais nitidamente o atual procedimento das três situações anteriores (Lisboa, 1994; Porto, 2001; Guimarães, 2012).
Conhecedoras desta novidade e das suas implicações, várias cidades portuguesas começaram já, algumas há vários anos, a trabalhar ativamente na preparação dos respetivos dossiês de candidatura. As cidades mostraram, assim, compreender bem a exigência e as virtudes do processo atual.
Em Portugal, pela primeira vez ao nível das cidades médias, um trabalho sistemático de pensamento do território a partir da cultura está a desenvolver-se para o horizonte de uma década. As cidades souberam interpretar a importância de intervir na cultura numa dinâmica de longa duração. Assumiram-se protagonistas desta reflexão: repensam o território como relação complexa do património, das artes e das redes de cooperação cultural necessariamente inscrita numa escala europeia, provocam sinergias regionais e preparam-se para gerar uma inevitável transformação das condições de cidadania, horizonte último das políticas da cultura.
O objetivo de qualquer uma destas cidades não é preparar, para 2027, um evento festivo e vistoso. É consolidar as condições necessárias para a existência de cidades culturais e criativas habitadas por cidadãos conscientemente ligados às possibilidades de futuro prometidas no melhor da herança europeia. Esse trabalho já começou e não termina em 2027: a sustentabilidade do legado criativo que envolva cidadãos, artistas e operadores culturais será a maior prova do êxito de todo este processo, que vai transformar o território nacional.
Concorrentes porque participam num processo em que só uma será escolhida, as cidades reconhecem-se também como cooperantes: porque estão conscientes da importância nacional do seu trabalho.
Por isso, as cidades signatárias da presente Declaração incitam o tecido cultural e criativo e todos os cidadãos a envolverem-se neste movimento de dinamização cultural que está a ser desenvolvido de norte a sul e a colaborar na concretização de novos roteiros culturais assentes nas especificidades de cada território.
As cidades exortam também e muito especialmente o Governo Português, através do seu Ministério da Cultura, a associar-se a este movimento, criando as sinergias necessárias para que, independentemente da cidade escolhida, o País saia reforçado deste processo.
O acolhimento do título de Capital Europeia da Cultura em 2027 constitui um desígnio nacional e as cidades que percorrerem o caminho de uma candidatura entendem que o Governo é um
parceiro fundamental no planeamento e implementação oportuna de condições de apoio estrutural ao êxito da candidatura.
Neste contexto, entendemos importante abrir-se um espaço de diálogo e colaboração entre as cidades candidatas e o Ministério da Cultura, assente numa plataforma permanente de trabalho, visando delinear resposta às questões ligadas ao processo de candidatura, aos compromissos do governo no financiamento do projeto e a articulação das políticas culturais nacionais com as estratégias locais e regionais em curso.