15 Novembro 2022

Atualização do preço dos bilhetes dos SMTUC

Atualização do preço dos bilhetes dos SMTUC

A Câmara Municipal (CM) de Coimbra aprovou, na Reunião de Câmara de 14 de novembro, o tarifário para 2023 dos Transportes Urbanos de Coimbra, que prevê a manutenção do valor dos passes e o aumento dos bilhetes a bordo em apenas dez cêntimos e de cerca de três cêntimos por bilhete na compra de títulos pré-comprados.

A proposta do tarifário para 2023 dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) foi aprovada na Reunião de Câmara de 14 de novembro.  A proposta mantém o valor dos passes e acompanha a atualização tarifária para os bilhetes adquiridos a bordo e aos pré-comprados em 6,11%.

 

Na sua intervenção antes de a proposta ser votada, a vereadora com o pelouro dos transportes, Ana Bastos, realçou que o custo do bilhete a bordo, que irá passar de 1,6 euros para 1,7 euros, continua abaixo do valor praticado em Lisboa e no Porto, que é de dois euros. “Coimbra tem de iniciar a caminhada de incentivo à fidelização do uso do transporte público, onde a revisão do tarifário aplicável assume um passo determinante”, defendeu a vereadora.

 

No caso dos títulos pré-comprados (que terão um aumento de apenas três cêntimos por bilhete quando são comprados 11), o tarifário “é muito baixo comparativamente ao custo do passe, ao contrário do que se passa noutras cidades”, notou. Ana Bastos destacou que 10 títulos pré-comprados têm atualmente um custo de 0,58 euros por viagem, sendo necessário fazer “mais de 60 deslocações” nos SMTUC (quase três viagens por dia útil) para justificar o preço do passe, “o que é insensato”.

 

Também neste caso, a vereadora apontou para o que acontece no Porto e em Lisboa, em que os títulos pré-comprados têm um custo entre 1,25 euros e 1,35 euros por viagem, sendo necessárias entre 22 e 24 viagens para justificarem a compra do passe em detrimento de um conjunto de bilhetes pré-pagos.

 

Ana Bastos vincou que o preço dos passes será mantido, considerando que esse é “uma resposta direta às necessidades” das pessoas. “O passe tem de ser competitivo em relação à compra individual”, defendeu, notando ainda que o valor continua a estar “muito abaixo daquilo que deveria ser uma resposta equilibrada” para incentivar a compra do passe.

 

LUSA/CM de Coimbra

 

 

Intervenção na íntegra da vereadora Ana Bastos:

 

“O Regime Jurídico do Serviço Público do Transporte de Passageiros estabelece que a Autoridade de Transportes deve definir, até ao dia 15 de novembro de cada ano, qual a taxa de atualização tarifária (TAT) a vigorar nos serviços de transportes de passageiros.

 

Tendo por base o valor da TAT, publicado pela AMT, no passado dia 31 de outubro, a atualização tarifária regular para o transporte público coletivo de passageiros, a vigorar a partir de 1 de janeiro de 2023, cifra-se nos 6,11%.

 

Segundo a Resolução do Conselho de Ministros nº 74-A/2022, de 6 de setembro, e sem prejuízo da respetiva compensação a atribuir pelas Autoridades de Transportes competentes, o custo dos “passes do transporte público”, deverá manter-se em relação a 2022, pelo que o aumento de tarifário, com base na TAT de 6,11%, apenas deve ser aplicado a títulos e tarifas de transportes ocasionais. Para isso, o Governo alocará uma verba adicional, em 2023, ao Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART), através da do Fundo Ambiental e que garantirá a manutenção do valor dos passes.

 

Atualmente os níveis de procura continuam abaixo dos atingidos em 2019, antes da pandemia, sendo que no que concerne os passes, no final do 3º trimestre, a procura atingiu cerca de 79% da procura de 2019. Tendo por base os níveis de procura de 2019, estima-se que, no máximo esse acréscimo do valor dos passes possa atingir os 234,7mil euros.

 

No que respeita aos títulos ocasionais, Bilhetes pré-comprados; Bilhete de Bordo; Bilhete de 1 dia e famílias numerosas, tendo por base a procura de 2019, é expectável que a aplicação do TAT, atinja os cerca de 230 mil euros.

 

Nesse sentido, e perante a crise energética vivida na Europa e que se tem traduzido na instabilidade e aumento da eletricidade e da energia, a situação económica deficitária dos SMTUC, propõe-se que o valor da TAT, estabelecida pela AMT, para o ano de 2023, no valor de 6,11%, apenas seja aplicada aos títulos e tarifas de transportes ocasionais quer dos SMTUC quer das linhas 110 e 122 operadas pela ETAC.

 

Esta proposta assenta em dois argumentos de base:

  1. Mantém-se a posição do Governo, o qual apenas assume os encargos associados aos passes;
  2. Consiste num estímulo à compra dos passes em detrimento dos títulos individuais, já que ao tornar o preço do passe mais competitivo se está a promover a fidelização no uso dos transportes públicos.

 

Importa ainda ter em atenção que no tarifário dos SMTUC, o custo dos pré-comprados é muito baixo comparativamente ao custo do passe, ao contrário do que se passa noutras cidades. Se tivermos por referência o custo de 0,58 euros/bilhete, relativo aos 11 bilhetes pré-comprados, é necessário fazer mais de 60 deslocações (ou seja, quase 3 viagens por dia útil) para justificar o preço do passe, o que é insensato. Por comparação aos STCP, o título pré-comprado, na zona mais barata é de 1,25 euros (podendo ir até 4,05 euros na Z9), havendo apenas lugar a oferta de 1 viagem na compra de ou mais 10 títulos de viagem, atingindo-se essa compensação às 24 deslocações. No caso da Carris, os valores aproximam-se dos STCP, com o título individual a custar 1,35 euros, sem desconto de quantidade, justificando-se a aquisição do passe mensal, a partir das 22 viagens (1 viagem por dia). Mas mesmo fora das áreas metropolitanas, esta diferenciação de preçário é igualmente evidente. Também nos Transportes Coletivos do Barreiro, o título individual custa 1,1 euros (comparativamente aos 0,73 nos SMTUC e que baixa para 0,63 quando adquiridas 4 viagens) e as 11 deslocações por 11 euros (contra os 6,4 euros nos SMTUC).

 

Esta política de preços dos SMTUC para além de não fomentar a fidelização dos utilizadores, fomenta ainda o recurso abusivo ao bilhete de bordo. Basta ter em atenção que até ao final do 3º trimestre de 2022, a compra de títulos a bordo sofreu um aumento de 162% comparativamente ao total de títulos vendidos em 2019, atingindo os 777,9 mil títulos vendidos, quase 3 vezes mais do que o conjunto dos bilhetes pré-comprados (280 mil). Esta é uma tendência que importa contrariar, na medida em que impõe perturbação à operação e demoras acentuadas.

 

Por exemplo nos STCP e na Carris, o custo do bilhete a bordo é de 2,00 Euros, assumindo que não há lugar a trocos, como forma de minimizar a perturbação na operação. Em Coimbra o custo é de 1,6 e há direito a troco!

 

Coimbra tem de iniciar a caminhada de incentivo à fidelização do uso do transporte publico, onde a revisão do tarifário aplicável, assume um passo determinante. Nesse sentido, pelos factos aqui anunciados, proponho a aprovação da aplicação da Taxa de Atualização Tarifária (TAT), aos bilhetes ocasionais dos SMTUC.”

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