O executivo da Câmara Municipal aprovou ontem, dia 28 de novembro, apenas com o voto contra da CDU, um parecer favorável ao relatório final de um estudo encomendado pela CIM-RC de possíveis expansões do Sistema de Mobilidade do Mondego, que deverá começar a funcionar em 2024, servindo nesse momento, Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo.
No parecer favorável, a CM de Coimbra considera que a extensão proposta para Condeixa-a-Nova, já prevista no Plano Ferroviário Nacional, “responde genericamente” à necessidade de resposta a outras zonas urbanas de Coimbra, algo que já “não acontece” no traçado proposto para o eixo de Cantanhede.
Nesse sentido, o município defende que “importa encontrar um traçado que permita servir, em simultâneo, o norte do concelho de Coimbra, como é o caso da Pedrulha e Adémia”, disse a vereadora com o pelouro dos transportes, Ana Bastos. “Embora esta opção alternativa de traçado envolva uma ligeira extensão do percurso, o aumento significativo de captação de utilizadores aumenta o nível de atratividade do sistema, afigurando-se como um contributo essencial a ultrapassar a debilidade, apontada pelo estudo, associada ao mérito na dimensão ‘económica’ e a viabilidade da linha”, realçou a responsável.
Uma solução alternativa do traçado deveria ainda “obrigar a refletir sobre a possível afetação do atual canal da Linha do Norte para o prolongamento do SMM à zona norte/Cantanhede e o consequente desvio da linha da alta velocidade/Linha do Norte para oeste”, referiu a vereadora.
O parecer defende ainda que, para além de uma consolidação daquele sistema de mobilidade num campo suburbano, será importante reforçar a expansão do serviço no centro da cidade, nomeadamente com ligação ao Bairro Norton de Matos e Polos I e II da Universidade de Coimbra.
O estudo encomendado pela CIM-RC concluiu que as extensões do SMM a Cantanhede e Condeixa-a-Nova são aquelas que apresentam mais benefícios, apontando vários problemas em possíveis ligações a Arganil, Góis e Penela, para além de descartar uma via direta para a Mealhada, por estar servida pela ferrovia.
Intervenção da vereadora Ana Bastos sobre este tema na íntegra:
Com o avançar das obras do MetroBus, assume cada vez maior relevância refletir-se sobre possíveis canais de expansão do Sistema de Mobilidade do Mondego.
Nesse âmbito a CIM|RC tem vindo a promover o desenvolvimento de um estudo de viabilidade económica/avaliação de critérios relativos a potenciais canais de expansão do sistema a concelhos vizinhos. A análise centrou-se no estudo da procura potencial associada a quatro novos eixos para expansão: o Eixo Mealhada/Cantanhede, o Eixo Condeixa-a-Nova; o Eixo Penela e o Eixo Góis/Arganil, enquanto prolongamento da linha suburbana do Metrobus em construção.
Em síntese, o estudo aponta para um resultado expectável, tendo por base aquela que é a ligação funcional entre Coimbra e os seus concelhos vizinhos. Conclui-se que o Eixo 3 Coimbra-Condeixa é o que, em termos comparativos, reúne as melhores condições para vir a ser concretizado, com reconhecido mérito nas 4 dimensões estudadas: económico, operacional, urbano e social.
O traçado apontado, numa extensão de 17kms e com um tempo de percurso de 27 minutos, está em linha com as pretensões da CM de Coimbra, incluindo 11 estações. A linha inicia-se na estação da Aeminium com uma nova travessia do rio Mondego (conforme previsto no Estudo Urbanístico para a Frente de Rio – Margem Direita) e a inserção de 9 paragens dentro do município, servindo o Fórum Coimbra, Centro de Saúde de Santa Clara, Polo da Escola Superior Agrária do IPC, Hospital dos Covões, iParque, Antanhol e Cernache. Prevê-se que esta linha sirva uma procura de 3900 passageiros/dia, sendo que mais de 2400 passageiros/dia (62%), se associem ao trecho Aeminium-iParque. Estima-se um custo de construção de 38 milhões de euros, 19 milhões (50%) para a ligação Coimbra – iParque. Os custos operacionais ascendem a 1,2 milhões de euros anuais, 800 000€ (67%) associados ao troço urbano Coimbra-iParque, trecho onde se prevê angariar 55% da receita.
Também o Eixo 2 Coimbra-Cantanhede tende a ser igualmente defensável, embora se admita um mérito nemos relevante, em termos de custo/beneficio, na medida em que se perspetiva que possa servir cerca de 1360 passageiros/dia. Em termos gerais, o traçado acompanha as estradas N111-1 e N 234-1, havendo apenas 3 estações no Município de Coimbra: Coimbra-B, Cidreira e S. Facundo. Esta linha, com uma extensão de 25,9 kms e um tempo de percurso de 27 min, liga a Coimbra-B à Zona Industrial de Cantanhede, com um custo de construção estimado de 18,3 milhões de euros.
Por sua vez, o Eixo 1, Arganil/Góis e o Eixo 4, Penela são claramente penalizados pelo elevado investimento envolvido (108 M€ (eixo 1) e 56 M€ para Penela, acrescidos de 63M€ para prolongamento até ao Espinhal), agravado pela reduzida potencial captação de passageiros. Sublinha-se ainda o abandono da ligação Coimbra – Mealhada, admitindo-se que esta pode vir a ser assegurada pela dinamização da via ferrovia (linha do Norte), designadamente através da oferta de serviços urbanos. Da mesma forma, também o eixo Cantanhede-Mealhada deverá ser assegurado por aproveitamento do canal ferroviário por aproveitamento de parte do antigo canal ferroviário do Ramal da Figueira da Foz via Pampilhosa.
Refira-se que estas conclusões gerais estão desde já pasmadas no Plano Ferroviário Nacional apresentado pelo governo na semana passada, o qual prevê a expansão do sistema do MetroBus no eixo entre Coimbra-Condeixa e a dinamização da linha ferroviária na ligação urbana entre Coimbra-Mealhada e Mealhada-Cantanhede.
Assim, propõe-se que a Câmara Municipal aprove emitir parecer favorável ao “Relatório final para a Expansão do Sistema de Mobilidade do Mondego”, no que respeita as suas conclusões gerais, reforçando-se as seguintes linhas de força adicionais:
1. As expansões do Sistema do Metro Mondego, previstas no âmbito do presente estudo, têm de ser devidamente articuladas com as indispensáveis e necessárias expansões do SMM a outras zonas urbanas do concelho de Coimbra:
– No caso do eixo 3 Coimbra-Condeixa, o traçado proposto responde genericamente a esta premissa, já que responde simultaneamente à procura urbana;
– Tal não acontece com o Eixo 2 Coimbra-Cantanhede, onde importa encontrar um traçado que permita servir, em simultâneo, o norte do concelho de Coimbra, como é o caso da Pedrulha e Adémia. Embora esta opção alternativa de traçado envolva uma ligeira extensão do percurso, o aumento significativo de captação de utilizadores aumenta o nível de atratividade do sistema, afigurando-se como um contributo essencial a ultrapassar a debilidade, apontada pelo estudo, associada ao mérito na dimensão “Económica” e a viabilidade da linha. Esta solução alternativa do traçado, deverá ainda obrigar a refletir sobre a possível afetação do atual canal da linha do norte para o prolongamento do SMM à zona norte/Cantanhede, e o consequente desvio da linha da alta velocidade/linha do norte para oeste.
– A expansão do sistema suburbano, apenas se revela economicamente viável se associado à expansão do sistema ao domínio urbano. Importa por isso garantir, em simultâneo, a expansão do serviço aos principais polos de atração/geração de viagens no espaço urbano de Coimbra, como a referida zona norte (Adémia e Pedrulha), mas também ao Bairro Norton de Matos, Polo I e Polo II da UC
2. Garantir a devida articulação do SMM com o serviço comboios urbanos, sendo essencial garantir/reforçar a ligação entre Coimbra e os centros urbanos mais próximos, designadamente Aveiro, Mealhada, Soure, Pombal e Figueira da Foz.
Ao nível interno, propõe-se ainda que, estando a decorrer os trabalhos preparatórios para a 2ª revisão do PDM, sejam desde já, salvaguardadas as reservas de solo necessárias para a futura execução do eixo Coimbra-Cantanhede e Coimbra-Condeixa-a-Nova.