Para Joan Busquets, essa alameda só se poderá concretizar na sua plenitude com o fim do viaduto do IC2 que passa por cima daquela zona e a criação de uma nova ponte para servir aquela estrada nacional no local onde, neste momento, passa a ponte ferroviária e que será desmantelada, no âmbito da linha de alta velocidade.
O espaço de debate começou por ser ocupado por intervenções protocolares, com intervenções de entidades, líderes dos grupos parlamentares da Assembleia Municipal e especialistas, totalizando cerca de 4 horas de intervenções. Destaca-se a apresentação da linha de Alta Velocidade pelo vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, e pelo projeto para a nova estação feita por Joan busquets. Por volta das 18h20, quase quatro horas depois do arranque do evento, foi aberta a discussão pública.
Os participantes abordaram questões como a preocupação quanto a uma solução ao tráfego da Casa do Sal e na rotunda do Almegue, o impacto da linha de alta velocidade e a sua nova reconfiguração (passará a ter uma outra ponte com quatro vias em vez das duas atuais e vai atravessar a Mata do Choupal), ou as acessibilidades aos autocarros que passarão a servir-se da futura estação intermodal.
Uma das grandes preocupações manifestadas passou por questionar a real necessidade de uma nova ponte rodoviária ser construída e qual a sua vantagem, apontando para riscos ambientais pela construção afetar a Mata Nacional do Choupal.
A vereadora da Câmara Municipal (CM) de Coimbra com as pastas do Urbanismo e da Mobilidade, Ana Bastos, responsável pelo encerramento do debate, defendeu a opção de se construir uma nova ponte do IC2. “A nova ponte é essencial para segregar atravessamentos da cidade”, disse, vincando que o plano de pormenor e as várias ideias propostas serão objeto de vários estudos para perceber a sua viabilidade.
Questionada pelos jornalistas sobre as preocupações da população quanto a possíveis impactos no Choupal (há uma petição a defender a sua preservação), Ana Bastos referiu que pediu um relatório aos serviços camarários para identificar as espécies que seriam afetadas pela construção de uma nova ponte rodoviária. “80% das árvores afetadas são espécies invasoras e depois há alguns pinheiros jovens plantados recentemente”, notou.
A vereadora vincou que a CM de Coimbra está preocupada com os impactos no Choupal – que diz que serão maiores na futura ponte ferroviária que servirá a alta velocidade – e que por isso o município já falou com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) no sentido de alargar a Mata Nacional “em direção a oeste”.
Antes das perguntas dos públicos, intervieram três especialistas convidados, com o professor de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, Álvaro Seco, a defender a “variante do IC2”, mas a colocar dúvidas sobre a resolução do tráfego na Casa do Sal, local de entrada e saída de Coimbra. Já o arquiteto Luís Paulo Sousa propôs, ao invés de uma nova ponte rodoviária, a criação de uma circular regional de Coimbra, aproveitando as vias existentes, e concluir as ligações dessa à circular urbana. Já o arquiteto e docente José António Bandeirinha considerou que o projeto de Busquets contempla uma infraestrutura que pode “servir verdadeiramente a cidade”, e elogiou o equilíbrio da proposta.
“Se este plano vier a ser feito, será um marco para Coimbra e estaremos perante a presença de uma cidade do século XXI”, vincou.
Recorde-se que está a decorrer, até 29 de maio, o período de participação preventiva do Plano de Pormenor da Estação de Coimbra (PPEC), destinado à formulação de sugestões e apresentação de informações sobre questões que possam ser consideradas no âmbito do procedimento de elaboração do plano. O período de participação preventiva decorre durante 30 dias, contados a partir do quinto dia útil à data de publicação do aviso em Diário de República (5 de abril), isto é, a partir de sexta-feira, dia 14 de abril. A participação pública deve ser formalizada por escrito, dirigida ao presidente da Câmara Municipal de Coimbra, e enviada para o endereço postal, por correio eletrónico (geral@cm-coimbra.pt) ou entregue nos postos de atendimento do município.
LUSA/CM Coimbra