“Ao longo dos dois primeiros anos do atual mantado autárquico tem sido evidente o notável trabalho desenvolvido pelo Conselho de Administração dos SMTUC, em que um dos paradigmas se traduz precisamente na renovação da frota de autocarros”, explica a proposta. No entanto, é também referido que “uma gestão em part-time não permite dedicar à gestão dos SMTUC, à antecipação, prevenção e resolução de problemas, todo o tempo que os mesmos exigem”.
Assim, e sendo reconhecido que a “gestão insuficiente” de há muitos anos, devido ao modelo de gestão em part-time que tem prevalecido e que sobrecarrega os três vereadores que constituem o Conselho de Administração, “exigindo um esforço sobre humano”; a autarquia propõe um novo modelo para os SMTUC com uma gestão a tempo inteiro, possibilitando uma “gestão profissional e dedicada permanente”, ao mesmo tempo que se libertam os três vereadores que integram atualmente o CA para o desempenho dos seus restantes pelouros camarários, e “tendo sempre como objetivo final a melhoria do serviço prestado pelos SMTUC aos munícipes”.
Importa sublinhar que a proposta foi previamente anunciada à Comissão de Trabalhadores dos serviços municipalizados. Segundo a proposta, em que se sugere que a nomeação tenha efeitos a 10 de janeiro, o mandato dos membros do CA é de três anos.
Assim, o novo CA será presidido por Jorge Miguel Jesus. Licenciado em Organização e Gestão de Empresas pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e com os Cursos de Gestão Avançada “Academia Galp” (2014), pela Católica Lisboa e Porto Business School, e “MBÁguas” (2019), pela Católica Porto Business School, Jorge Miguel Jesus conta com vários anos de experiência em liderança da área financeira, gestão de recursos humanos, compras, planeamento e controlo de gestão, monitorização de desempenho empresarial, report e informação de gestão, relacionamento com diversos stakeholders e apoio à gestão de topo. Entre o vasto percurso profissional, destacam-se as passagens pela Galp Gás Natural Distribuição (2014), em Lisboa, onde assumiu a coordenação das áreas de planeamento e de controlo de gestão, compras, recursos humanos (componente administrativa) e recursos físicos (instalações administrativas, armazéns e frota automóvel), à escala nacional; depois de ter passado pela Galp Gás Natural Distribuição – Direção Norte, Aveiro (2011) ou pela Beiragás (Galp Gás Natural Distribuição), Viseu (2000). No início de 2018, assumiu a Direção Administrativa e Financeira da Águas do Norte (Grupo Águas de Portugal), em Vila Real, promovendo uma reorganização desta direção, incorporando a área de Planeamento e Controlo de Gestão e segregando a vertente de regulação desta área; e recentemente, em final de 2022, como Diretor Financeiro e Contabilidade e adjunto de Diretor Geral, integrou o projeto para o arranque da empresa Demodouro (Grupo Frutas Patricia Pilar), em Viseu, com objetivo de atuar no cluster da maçã da região da Beira Alta, Douro e Trás-os-Montes, tendo a seu cargo as áreas administrativa e financeira, recursos humanos, planeamento e controlo de gestão e assumindo também uma posição de apoio ao diretor-geral, em forma de adjunto.
Maria João Melo, atual diretora-delegada, licenciada em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e pós-graduada em Administração Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública, integra o novo CA como vogal. Foi administradora hospitalar no Hospital de Guimarães de 1991 a 1995, ano em que assumiu o cargo de administradora hospitalar da ARS do Centro. Em 1996, assumiu a administração hospitalar do Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar e, em 1999, tornou-se administradora hospitalar no Hospital Pedro Hispano, posteriormente integrado na Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Já em 2004 assume a administração hospitalar no Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, e em 2005 torna-se administradora hospitalar nos Hospitais da Universidade de Coimbra, posteriormente integrados no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), cargo que assumiu até 2018, quando se tornou administradora hospitalar na Figueira da Foz, cargo ocupado até outubro de 2022, quando integrou os SMTUC.
Completa o novo CA, também como vogal, Nuno Faria, licenciado em Engenharia Eletrotécnica – Ramo de Automação, e Mestre em Engenharia Eletrotécnica – Área de Automação e Comunicação em Sistemas de Energia pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC). Desde 2019 que integra os SMTUC sendo, atualmente, responsável pelo Setor da Rede de Tração e de Equipamentos Auxiliares na Divisão de Equipamentos e Manutenção, tendo sido também o representante dos SMTUC no projeto europeu Clean Bus European Platform. Do restante percurso profissional, destaca-se, entre outros, o facto de ser assistente convidado do ISEC como docente na área de máquinas elétricas, acionamentos eletromecânicos e instalações elétricas.
Na informação, que será debatida na Reunião de Câmara de segunda-feira, são ainda destacados mais dois problemas macro dos SMTUC, para além da gestão insuficiente. A frota fortemente envelhecida e a impossibilidade de remuneração adequada dos profissionais dos SMTUC, dificuldades e insuficiências sentidas nos serviços há anos. Sobre a questão da frota, importa referir que está a ser rigorosamente cumprido o Plano de Renovação da Frota, aprovado em maio de 2023: para além dos quatro autocarros seminovos adquiridos em 2023, os 22 autocarros elétricos entretanto recebidos no final do ano, cujo financiamento pelo POSEUR “foi salvo in extremis pelo resiliente trabalho em equipa dos trabalhadores e CA dos SMTUC e da Câmara Municipal, irão mitigar fortemente as insuficiências da frota, sendo fundamental continuar a cumprir o plano”. Já sobre a impossibilidade de remuneração adequada, criada pela injusta e redutora Lei 12-A/2008, destaca-se a insistência e a persistência do atual Executivo junto dos vários partidos políticos com assento parlamentar e do Governo para a defesa da reposição da carreira de agente único dos transportes coletivos e ainda a alteração da posição remuneratória por opção gestionária, “observadas as múltiplas limitações legalmente impostas”.
“Os SMTUC, essenciais aos seus utentes e um pilar nuclear do desenvolvimento sustentável de Coimbra, são um serviço extremamente complexo e sensível, com um orçamento de 29.377.829,00 € e um mapa de pessoal com uma dotação global de 551 postos de trabalho, dos quais 81 estão vagos, pelo que precisam de mais horas de gestão em proximidade, para benefício da instituição, dos seus trabalhadores e dos munícipes”, conclui a documento.
O atual executivo camarário nunca desistirá dos SMTUC e está a desenvolver um trabalho sem paralelo no passado, corrigindo os anteriores erros de gestão e a falta de investimento, o que vai trazer inequívocos benefícios para os transportes públicos do concelho.