Documentos pessoais, cartas que escreveu durante a sua prisão no Aljube, manuscritos como o poema “Ariane” (que escreveu no Aljube), documentação e processos da PIDE (sobre o escritor), recortes de imprensa, discursos políticos, entre outros, vão estar disponíveis para o público apreciar naquela que é antiga moradia familiar de Miguel Torga.
A abertura da exposição, marcada para amanhã, às 18h00, vai contar com a presença do escritor Bruno Paixão, que vai falar sobre alguns pressupostos identitários de Torga, entre os quais a liberdade.
Miguel Torga é um escritor universal. O reconhecimento da sua vida e obra está contemplado nos inúmeros prémios literários que ganhou, entre os quais o Prémio Camões, em 1989. Conhecido pela sua verticalidade na defesa dos valores cívicos, vivenciou a censura de alguns dos seus livros, para além de ter sido preso pela PIDE, em novembro de 1939, em Leiria. Teve a sua vida devassada pelo regime, onde se incluíam as suas viagens, os encontros com amigos, assim como os rendimentos usufruídos enquanto médico. Desafiou o sistema político ao oferecer um dos seus livros a Salazar e nunca se vinculou a regras, optando por ser o editor dos seus próprios livros, numa cumplicidade com a Coimbra Editora.
Nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, importa, pois, recordar essa referência da liberdade.