O Café Oásis foi criado em 1952 e é, atualmente, o segundo café mais antigo da cidade. Um dos momentos mais marcantes da sua história aconteceu na Crise Académica de 69, como se descreve no depoimento, intitulado “Um café com história num bairro com história”, que consta no processo em reconhecimento em análise, de Carlos Santarém Andrade, figura ímpar de Coimbra, antigo diretor da Biblioteca Municipal e, enquanto estudante, presidente da Sessão Social da Associação Académica de Coimbra (ACC) e repúblico dos Kágados.
Quando, em 17 de abril de 1969, o presidente da Associação Académica, Alberto Martins, pediu a palavra na inauguração do edifício das Matemáticas – escreve Carlos Santarém Andrade – iria desencadear-se uma das maiores crises da Academia de Coimbra. Preso após a meia-noite à saída da Associação e levado para as instalações da PIDE, na Rua Antero de Quental, em breve se juntou em frente à sede um numeroso grupo de estudantes, que seriam violentamente agredidos pela GNR. Entre os agredidos, e de uma forma bárbara, estava o Mário do Oásis, que levado para o Hospital (então ainda no velho Colégio de São Jerónimo), aí esteve entre a vida e a morte.
A Academia, estando ainda internado, prestou-lhe uma comovida homenagem, visitando-o no seu quarto, em filas intermináveis, manifestando-lhe apoio. Igualmente, através da Secção Social, promoveu uma campanha de angariação de fundos, de solidariedade. Assim, pelas piores razões, ficava o Oásis ligado à Crise de 1969. Foi Carlos Santarém Andrade que, na sua qualidade de presidente da Secção Social da AAC, organizou o movimento de “Solidariedade com o Senhor Mário do Café Oásis”, deliberado em Assembleia Magna.
O “Óasis” preenche, assim, todos os requisitos que lhe permitem obter a denominação de “entidade de interesse histórico e cultural ou social local”, tais como, a título de exemplo, a longevidade, significado para a história local, função histórica, cultural e social, acervo próprio e existência como referência local, entre outros.