Pedro Tudela e Miguel Carvalhais, que celebram 25 anos de colaboração, instrumentaram três salas do Convento São Francisco, criando um espaço com espelhos e luzes, onde o som é projetado de mais de um ângulo, e outro onde está mais assente a ideia do som figurado “como toque”, em combinação com luzes, refletidas numa espécie de telão. Outra sala conta com uma estrutura central, que dispara sons mais graves para cima, cercada por colunas que produzem uma corrente sonora circular.
Este último trabalho foi criado em 2022, para um espaço de Aveiro, tendo sofrido uma “transformação radical” para se adaptar ao novo local, com adição de luzes, que criam uma repetição de formas triangulares. As salas, com poucos estímulos visuais, permitem “ouvir estas peças de outra forma e depois, eventualmente, transpomos isso para outras experiências lá de fora”, refletiram.
A dupla de artistas indica que os sons reproduzidos são naturais, como o sonido de pedras, enquanto outros são sintéticos, num ambiente que explora sonoridades reconhecíveis e outras passíveis de criar ambiguidade, pela não identificação imediata. Transversal às três instalações, está a ideia de tempo, um conceito “inevitavelmente associado” ao som.
A 9ª edição do ciclo Dar a Ouvir parte de uma coorganização da Câmara Municipal de Coimbra, através do Convento São Francisco, e do Jazz ao Centro Clube. O evento, que se centra nas artes sonoras e nas práticas artísticas que trabalham o som e a escuta, conta, nesta edição, com um conjunto de propostas que “desafiam os limites da escuta humana”, considera a CM de Coimbra.
A visita guiada contou com a presença da diretora do Departamento de Cultura e Turismo da CM de Coimbra, Maria Carlos Pêgo, e do chefe da Divisão do Convento São Francisco, Filipe Carvalho, que acabaram por revelar aos jornalista algumas novidades sobre o programa cultural “CEM Portas”, nomeadamente que irá contar, pela primeira vez, com um baile. “Este será um dos momentos altos” do evento, que terá música ao vivo e vai decorrer nos claustros do convento, na primeira noite do evento, agendado para os dias 29, 30 e 31 de agosto.
Apesar de adiantarem que a programação será revelada no futuro, destacaram que “a estrutura se mantém”, com cineconcerto, espetáculos para as crianças e famílias e apresentações musicais.
Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | Catarina Gralheiro