A iniciativa contou com um momento musical protagonizado pelo diretor do Conservatório de Música de Coimbra, Manuel Rocha, e com a leitura de textos do poeta, pelo ator Diogo Carvalho. No final, os alunos foram ver uma exposição sobre João de Deus, para a qual contribuíram com os seus trabalhos, que se encontra patente na Casa da Escrita até ao final deste mês.
A apresentação da sessão de evocação de João de Deus foi feita pelo curador da Casa da Escrita. António Vilhena deu as boas-vindas aos pequenos aprendizes e contou-lhes um pouco da vida do homenageado. “João de Deus dedicou-se às crianças. Preocupou-se muito com as crianças que não sabiam ler, cujas famílias não tinham dinheiro para irem à escola. E foi assim que surgiu a Cartilha Maternal. Um método criado por João de Deus, para que as mães pudessem ensinar os seus filhos a ler, em casa”, explicou António Vilhena, agradecendo a presença dos alunos à diretora da escola, Maria Amélia Saraiva, que retribuiu, agradecendo o convite da CMC.
“Vocês sabiam que o que João de Deus fazia era música?” A pergunta foi feita por Manuel Rocha, mas ficou sem resposta e deixou a plateia admirada. “A música também é uma linguagem que conseguimos compreender”, argumentou, tocando os “Parabéns a Você” com o seu violino. “Por exemplo, vocês sabem que música é esta, não sabem?”, interrogou, recebendo, de imediato, uma resposta em coro: “Sim. São os Parabéns a Você!” E tocou mais um pouco, de outra, desconhecida. “Mas esta não, pois não?” Fez-se silêncio. “Porque são notas soltas, que não conhecem”, respondeu.
As palavras e os textos são como as notas musicais e as músicas. “João de Deus juntou as vogais formando sílabas, depois palavras”, assim como um músico junta as notas para fazer melodias, afirmou Manuel Rocha, considerando que “tanto a escrita como a música são formas de expressão”. E, à medida que ia tocando, questionava. “O que é que esta música vos sugere?” “Alegria”, respondiam. “E esta?”, perguntava. “Tristeza”, diziam. Manuel Rocha tocou mais dois temas, interagindo com uma plateia interessada e terminou elogiando o poeta: “João de Deus fazia música com as palavras e deixou-nos esta herança fantástica.”
Seguiu-se a leitura de textos por Diogo Carvalho. O ator começou por ler a fábula “As rãs clamam por um rei”, de João de Deus, utilizando a figura do sapo Cocas para dar outro ânimo à leitura. Depressa a sala coaxava em conjunto, com os pequenos a deliciarem-se com a interpretação. Diogo Carvalho leu mais duas conhecidas fábulas do escritor, “Ratos reunidos em conselho” e “A cigarra e a formiga” e, de seguida, “porque hoje também é Dia Internacional da Mulher”, referiu, leu uma cançoneta de João de Deus, de homenagem a todas as mulheres.
A sessão terminou com muitas palmas e agradecimentos e, de seguida, os alunos foram ver a exposição sobre o poeta – composta por trabalhos que realizaram, a par com os seus colegas do 2.º Jardim Escola João de Deus de Coimbra – que se encontra numa sala do 2.º andar da Casa da Escrita da CMC e que pode ser vista até ao final deste mês. Já a sessão de evocação do poeta aconteceu novamente hoje, durante a tarde, para os alunos do 2.º Jardim Escola João de Deus, da Solum, e será repetida mais logo, pelas 18h00, para todos os interessados.