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16 Maio 2016

João de Oliveira Anjo recordado na Torre de Anto

A Canção de Coimbra foi novamente debatida, na tarde do dia 14 de maio, no Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra, da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), que funciona na Torre de Anto. “Os Compositores Populares no Enriquecimento e Afirmação do Reportório da Música Tradicional de Coimbra” foi o tema apresentado pelo guitarrista, cantor e docente do Conservatório de Música de Coimbra (onde leciona a disciplina de Guitarra Portuguesa), José dos Santos Paulo, no âmbito do ciclo de palestras “Canção de Coimbra: Cultores e Repertórios”, que a CMC se encontra a promover e que vai decorrer até ao final do ano.

A sessão, que contou com a presença da vereadora da Cultura da CMC, Carina Gomes, foi centrada no maestro João de Oliveira Anjo, a propósito do centenário do seu nascimento (14 de maio de 1916). João de Oliveira Anjo foi quadro das Forças Armadas, tendo sido regente de bandas militares, nos Açores e em Coimbra, onde se radicou em finais dos anos 30, vindo a conviver com diversos cultores da Canção de Coimbra. Foi clarinetista e compositor, no Rancho das Tricanas de Coimbra, e autor de um abrangente repertório de cunho popular. No âmbito das Canções Populares de Coimbra, a sua sólida formação musical clássica permitiu elevar estas cantigas a um patamar de qualidade e sensibilidade musicais que as fizeram perdurar até aos dias de hoje.

Ao abrir a palestra, João dos Santos Paulo fez questão de salientar que o texto que iria ler foi escrito em parceria com Eduardo Aroso, que infelizmente não o pôde acompanhar nesta sessão na Torre de Anto. Eduardo Aroso foi quem lhe apresentou João de Oliveira Anjo.

“Não é fácil falar da obra de João de Oliveira Anjo”, começou por referir José dos Santos Paulo, acrescentando que “João de Oliveira Anjo é uma figura invulgar no panorama cultural de Coimbra, destacando-se em múltiplas áreas, que não só a música”. “A sua obra não está só ligada a grupos folclóricos, abarca outras áreas”, disse. Como explicou, a obra de João de Oliveira Anjo mistura o espírito tradicional com o erudito e vice-versa.

João de Oliveira Anjo era uma personalidade dotada para a música, com facilidade de converter em escrito melodias que lhe eram entoadas por algumas pessoas. Como foi aliás contado pelo orador, João de Oliveira Anjo, muitas vezes sentado no Café Samambaia, compunha a várias vozes sem auxilio musical. Contudo, como fez questão de mostrar, as pautas escritas por João de Oliveira Anjo eram muitas vezes difíceis de interpretar.

João de Oliveira Anjo acompanhou, por exemplo, vozes como Válter Figueiredo e guitarristas como Flávio Rodrigues.

Com este ultimo, João de Oliveira Anjo chegou, como foi contado, a ter alguns problemas, visto que o guitarrista improvisava muito e se tornava difícil depois passar a música para pauta. Aliás, como foi dito várias vezes, João de Oliveira Anjo não gostava que alterassem os textos e as melodias das suas músicas. O autor não só escrevia a parte musical, mas igualmente a letra, tendo sido salientado que era um brilhante poeta.

Com alguma tristeza foi também salientado que poucos fados da sua autoria ficaram gravados. Dos raros registos existentes, alguns foram mostrados e contadas algumas curiosidades sobre os mesmos. Em vídeo, foi mostrada uma atuação no Teatro Académico Gil Vicente, onde foi interpretada “Valsa dos Dias”. Em áudio, foram ouvidos temas como “Morena dos Meus Abrolhos”, “Coimbra Tão Formosa” ou “Canção Para Dois”.

José dos Santos Paulo referiu que as composições de João de Oliveira Anjo não tinham o ritmo tradicional da música de Coimbra, mas que o espírito e as raízes de Coimbra estão lá. A fechar, confidenciou que as melodias escritas para guitarra, por João de Oliveira Anjo, estão agora a ser adaptadas por quem toca guitarra.

Esta foi a quarta sessão do ciclo “Canção de Coimbra: Cultores e Repertórios”. Um total de oito palestras, organizadas pela CMC, com o objetivo de promover este género musical enraizado na cultura urbana da cidade e que projetou o nome de Coimbra para o mundo. A próxima palestra tem como tema “Do Reportório Clássico à Importância do LP ‘Flores para Coimbra’”. É dedicada a António Bernardino e à passagem de 20 anos do seu falecimento e terá Luís Alcoforado como orador. Uma iniciativa de entrada livre, que está marcada para sábado, dia 18 de junho, pelas 15h00, na Torre de Anto.

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