O presidente da Câmara Municipal de Coimbra e da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, disse hoje que, com a morte de Mário Soares, o país “perdeu o maior construtor da democracia portuguesa”.
Portugal “perdeu um dos grandes construtores, talvez o maior, da democracia portuguesa”, disse à agência Lusa, Manuel Machado, lamentando o falecimento, hoje, do antigo Presidente da República.
“Mário Soares foi um combatente antifascista coerente e consequente, um homem de resistência e que resistiu ao longo de toda a vida aos ataques que sofreu”, sustenta o autarca socialista.
Apesar das “contrariedade e ofensas de que foi vítima”, Mário Soares “manteve sempre o [seu] espírito de resistência e otimismo”, na luta para que “Portugal fosse um país livre”, sublinha.
Além de “construtor do processo de adesão à União Europeia”, o fundador do PS e antigo primeiro-ministro e ex-chefe de Estado foi “um dos grandes impulsionadores da abertura de Portugal ao mundo, da paz entre os povos e do respeito pela soberania das pátrias livres, incluindo aquelas que, depois do 25 de Abril, se tornaram países independentes”, afirma o presidente da ANMP.
Mário Soares sempre se mostrou um otimista e esse modo de ser contagiou os portugueses, que, com a sua mensagem, conseguiram manter a esperança num mundo melhor”.
“Como socialista empenhado e militante, Mário Soares merece também todo o nosso respeito e eu, pessoalmente, orgulho-me de ter sido seu camarada”, acrescenta Manuel Machado.
O antigo Presidente da República Mário Soares morreu hoje aos 92 anos, disse à agência Lusa fonte do Hospital da Cruz Vermelha.
Mário Soares encontrava-se internado desde o dia 13 de dezembro, tendo sido transferido no dia 22 dos Cuidados Intensivos para a “unidade de internamento em regime reservado” do Hospital da Cruz Vermelha, depois de sinais de melhoria do estado de saúde.
No entanto, no dia 24, um agravamento súbito da situação clínica obrigou ao regresso do antigo chefe de Estado à Unidade dos Cuidados Intensivos.
No dia 31 de dezembro, dia da última atualização feita pelo hospital sobre o seu estado de saúde, Mário Soares continuava em “coma profundo”, mas “estável e com parâmetros vitais normais”.
Mário Soares, que morreu hoje aos 92 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
Nascido a 7 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.
Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
Lusa