A Fundação Inês de Castro entregou ontem, no Hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, o seu prémio literário, referente a 2016, ao poeta Rui Lage, pela obra “Estrada Nacional”, enquanto Maria Velho da Costa recebeu o prémio carreira.
A cerimónia foi presidida pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, que entregou o prémio a Rui Lage. Já o prémio carreira foi entregue pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Manuel Machado, à antiga ministra Isabel Pires de Lima devido à ausência de Maria Velho da Costa, por motivos de saúde.
Manuel Machado confessou a sua (boa) surpresa ao saber que Rui Laje é filho do seu “velho amigo” Carlos Lage (também presente na sala), político socialista que, entre outros cargos, foi deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, além de presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
O presidente da CMC elogiou o papel da Fundação Inês de Castro, considerando-o “relevante em Coimbra e relevante no país”. “Como presidente da Câmara, agradeço o trabalho que tem feito neste âmbito [cultural] e, obrigatoriamente, tenho que agradecer o contributo para que Coimbra se afirme mais como uma cidade cosmopolita, que acolhe todos – os diferentes, os indiferentes, os que pensam do mesmo modo e os que divergem”, salientou Manuel Machado.
Antes da entrega dos prémios, José Carlos Seabra Pereira proferiu uma palestra sobre a obra literária de Rui Lage, enquanto Isabel Pires de Lima abordou a obra de Maria Velho da Costa.
“Estrada Nacional” foi descrito pela fundação, quando do anúncio do prémio, em fevereiro, como “uma viagem com partida e regresso pelo mundo rural, com o itinerário definido poema a poema, estrada a estrada, e onde as representações são apresentadas pelo olhar de Rui Lage”.
Já a escritora Maria Velho da Costa foi distinguida com o prémio de carreira “Tributo de Consagração Fundação Inês de Castro”. Ficcionista, ensaísta e dramaturga, Maria Velho da Costa conta já com diversos prémios, entre os quais o Prémio Camões 2002.
A autoria, entre outras obras, de “Irene ou o Contrato Social” e “Myra”, escreveu, em 1972, o livro “Novas Cartas Portuguesas”, em colaboração com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, que se tornou marcante pela abordagem à situação das mulheres nas sociedades contemporâneas e que, no contexto da ditadura do Estado Novo, foi apreendido pela polícia política.
O júri do Prémio Literário Fundação Inês de Castro 2016 é formado pelos professores José Carlos Seabra Pereira (presidente) e Isabel Pires de Lima, e pelos escritores Mário Cláudio, Pedro Mexia e António Carlos Cortez. Além destas e de outras personalidades, assistiram à sessão a vereadora da Cultura da CMC, Carina Gomes, Maria José Avillez ou Nuno Júdice.
Ao longo dos anos, este prémio literário tem distinguido autores e obras de “reconhecido valor”, tais como Pedro Tamen (2007), José Tolentino Mendonça (2009), Gonçalo M. Tavares (2011) ou Mário de Carvalho (2013).