27 Maio 2021

Encontro Literário pretende reforçar as relações entre a cidade e a literatura

Encontro Literário pretende reforçar as relações entre a cidade e a literatura

A primeira edição do Encontro Literário Internacional “Cidades Invisíveis”, que teve ontem início no Convento São Francisco, vai decorrer até sábado e inclui debates, mesas redondas, exposições, um momento de poetry slam, entre outros. Um evento organizado pela Câmara Municipal (CM) de Coimbra, que faz parte da programação da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027 e que pretende “explorar as relações entre a cidade e a literatura e reforçar a presença de Coimbra no panorama e universo literário europeu”, afirmou o presidente da Câmara, Manuel Machado, na sessão de abertura do evento, recordando que “Coimbra possui uma herança literária notável”.

Coimbra, Cidade da Literatura, é um compromisso que assumimos e uma grande oportunidade para reforçar esta vocação literária no panorama internacional. Mas também para promover o usufruto de bens culturais, para impulsionar as iniciativas ligadas à presença de escritores e à criação literária, para fomentar o uso das nossas bibliotecas, para incentivar as nossas editoras, para continuar a incorporar as indústrias culturais no desenvolvimento local”, referiu o presidente da Câmara. “Entendemos, por isso, que este Encontro Literário representa uma nova etapa na promoção do livro e da literatura na vida da nossa cidade”, salientou.

 

Uma “nova etapa”, considerou Manuel Machado, que vem juntar-se ao trabalho que tem vindo a ser realizado pela autarquia, nomeadamente a preservação e divulgação da obra de Miguel Torga (com a Casa-Museu Miguel Torga), de João José Cochofel (Casa da Escrita), a atividade das bibliotecas (a municipal, as anexas, o bibliomóvel), a organização da Feira Cultural de Coimbra, os prémios literários municipais, a política editorial da Câmara ou a criação do Roteiro dos Escritores. “A candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027 vem amplificar os projetos ligados ao livro e à literatura, dando-lhes também uma vocação europeísta”, defendeu, ainda, o autarca, desejando “que este Encontro Literário seja um ponto de partida para a promoção de novos projetos, enriquecendo a experiência de todos e valorizando a literatura, a cultura e Coimbra”.

 

Este primeiro Encontro Literário Internacional “Cidades Invisíveis” vai decorrer em diversos espaços de Coimbra, do Convento São Francisco à Quinta das Lágrimas, passando pela Casa-Museu Miguel Torga, com algumas iniciativas a terem lugar ao ar livre, nas ruas do concelho. O objetivo principal do evento, que decorrerá anualmente e contará com uma cidade convidada por edição – que, nesta estreia, é Santiago de Compostela – é percorrer as relações múltiplas entre a cidade e a literatura, de acordo com a convicção de Italo Calvino: “a cidade não conta o seu passado, contém-no como as linhas da mão”.

 

 

Cristina Robalo Cordeiro, que falou em nome do grupo de trabalho da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027, explicou o porquê desta aposta e da importância de reforçar os laços entre a cidade e a literatura e promover essa ligação além-fronteiras. “Coimbra é Cidade da Literatura pela dimensão histórica do seu atravessamento pelas Letras, desde D. Dinis; pela pluralidade de rostos que adquire consoante as épocas e os textos onde habita e se reconstrói; pela inscrição física e geográfica que a determina, nos lugares marcados da Alta, do Penedo da Saudade, do Mondego; pela excelência dos estudos literários que produz; pela relevância dos escritores que nela nasceram ou se instalaram ou, melhor ainda, pela própria condição citadina que é a dos escritores”, referiu. “As cidades são o lugar privilegiado desta revolução permanente que é a Literatura. (…) Sem as revistas, sem as tertúlias da cidade de Coimbra, a Literatura Portuguesa não seria a mesma”, considerou.  

 

“É esta Coimbra invisível que queremos pôr em relação com outras cidades literárias da Europa, através de uma série de encontros que hoje se inauguram e que prosseguirão no decurso dos próximos anos”, prosseguiu Cristina Robalo Cordeiro, agradecendo a Santiago de Compostela por ter aceitado o convite. “Era importante este ato inaugural, este começar pela capital da Galiza. Connosco, durante alguns dias, estão escritores de Santiago, de Coimbra, do resto do país, amigos que vêm partilhar as suas visões da literatura e da Cidade. Precisamos do seu olhar para melhor nos conhecermos e melhor nos darmos a conhecer como cidade da literatura”, reforçou.

 

Santiago de Compostela, cidade geminada e com uma ligação histórica a Coimbra, foi a escolhida para este ano de lançamento do encontro. Entre os autores convidados estão os portugueses Francisco Duarte Mangas, José Manuel Mendes, Marlene Ferraz, Vasco Pereira da Costa, Viale Moutinho e, ainda, Teolinda Gersão, a quem será prestada uma homenagem pelos 40 anos de carreira. De Santiago de Compostela, participam os escritores galegos Cesáreo Sánchez Iglesias, presidente da Associação Galega de Escritores, Elias Torres Feijó, Susana Sánchez Arins, Teresa Moure e Carlos Quiroga, responsável pela realização de uma residência literária na Casa da Escrita, durante a qual se dedicará a um projeto literário e participará nas atividades regulares da cidade.

 

Recorde-se, ainda, que a autarquia vai atribuir hoje, pelas 18h00, a Medalha de Mérito Cultural Grau Ouro a Teolinda Gersão, escritora com enorme relevância cultural no panorama literário nacional e que nasceu em Coimbra, em 1940.

 

 

Programa dos próximos dias:

 

27 de maio

10h00, Casa-Museu Miguel Torga – Visita à exposição “Diário de um Orfeu Rebelde. 80 anos da publicação do 1.º volume do Diário de Miguel Torga”.

11h30, Quinta das Lágrimas – Instalação literária. A propósito de Pedro e Inês: Reminiscências da Luz, texto de Cristina Robalo Cordeiro, fotografias de Bruno Sacadura.

14h30, Quinta das Lágrimas – Mesa-redonda: “Uma Associação de Escritores: solidários / solitários?”, com José Manuel Mendes, Cesáreo Sánchez Iglesias e Francisco Duarte Mangas. Moderação: António Pedro Pita.

16h00, Quinta das Lágrimas – Conversa com a escritora Teolinda Gersão – Quarenta Anos de Carreira

18h00, Paços do Município – Homenagem a Teolinda Gersão.

 

28 de maio

14h30, Convento São Francisco

  • Mesa-redonda de escritores I: “A escrita em tempo de epidemia”. Marlene Ferraz, Carlos Quiroga, Viale Moutinho. Moderação: Cristina Robalo Cordeiro.
  • Mesa-redonda de escritores II: “A máquina de escrever”. Susana Arins, Francisco Duarte Mangas, Elias Torres Feijó. Moderação: Fernando Madaíl.

18h30, Casa da Escrita – Ocupações literárias e Poetry Slam (SESLA-Associação Académica de Coimbra).

 

29 de maio

10h30, Alta de Coimbra – Percurso “Re-habitar” (roteiro de escritores, pela Cooperativa Bonifrates).

11h30, Grémio Operário – Leituras e Sessão de Encerramento.

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