José Manuel Silva considera que os achados arqueológicos encontrados em Coimbra B, que representam trabalhos a mais e um atraso de cerca de dois meses, não vão comprometer a entrada em funcionamento do troço, uma vez que vão estar a decorrer obras no canal entre as duas estações. “É um achado que nos permite trabalhar com tranquilidade não causando atrasos na abertura do serviço à população”, sublinha José Manuel Silva. Entre os trabalhos a mais, vai ser necessário, por exemplo, fazer alguns ajustes, em particular na localização das estacas de sustentação, que obrigam a novos cálculos de engenharia.
As estruturas arqueológicas identificadas pela equipa de arqueologia afeta à empreitada da Metro Mondego, no troço Coimbra B/Portagem (a sudeste da Estação Ferroviária de Coimbra B), são duas pontes, que funcionam essencialmente como passagens hidráulicas, de cronologias distintas. A mais recente corresponde à regularização e contenção do caudal da Ribeira do Gorgulão, canalizando as águas sob a linha do caminho de ferro para os campos do Bolão, e aponta-se para que tenha sido construída em meados do século XIX, aquando da construção da linha do comboio. A mais antiga apresenta algumas marcas de canteiro nas cantarias da abóbada da ponte, o que remete a sua construção para o período medieval, provavelmente para o final da Baixa Idade Média.
Esta estrutura em pedra calcária encontra-se assoreada até ao arranque da abóbada, impedindo a leitura do aparelho de construção, designadamente a parte do embasamento da mesma. Para obtenção de elementos que permitam inferir uma cronologia para a sua construção, são necessários trabalhos complementares, que passam pelo estudo das marcas de canteiro e pelo desassoreamento da estrutura. Tudo aponta para que a ponte medieval identificada corresponda à antiga Ponte do Padrão.
José Manuel Silva salienta a importância dos achados encontrados. “Encontrar estes achados arqueológicos, algo frequente na cidade de Coimbra, é extremamente importante, porque a nossa riqueza arqueológica e patrimonial é que faz de Coimbra uma cidade única”, argumenta. O presidente da CM de Coimbra assegura que todos estão a trabalhar “para que estes achados sejam preservados, mas, sobretudo, que fiquem visíveis para poderem ser vistos e ajudarem à narração daquilo que é a história de Coimbra, desde há muitos anos esta parte. São estruturas extremamente interessantes e que, ficando visíveis, vão constituir e vão contribuir para um foco importante de visita e de interpretação da história de Coimbra”.
Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | João Pedro Lopes
Vídeo: Câmara Municipal de Coimbra | Marta Costa