Com a grande maioria dos cidadãos a viver em cidades urbanas e os problemas que daí advém com a utilização excessiva do automóvel, como o trânsito intenso e a poluição atmosférica, é cada vez mais urgente apostar no uso de meios de transportes sustentáveis, como os movidos a energia elétrica. Jorge Alves esteve a falar disso mesmo, ontem, no Seminário Luso-Brasileiro de Mobilidade Elétrica, e mostrou como Coimbra desde cedo se preocupou com essa temática e como os SMTUC, “serviço de transportes públicos coletivos que não tem financiamento do Estado”, realçou, são um exemplo em matéria de mobilidade elétrica.
O presidente do CA dos SMTUC começou por salientar que em Coimbra – uma cidade com 319 km2, 148 mil habitantes, dispersos por áreas residenciais, com forte presença de população não residente e importantes movimentos pendulares – não é fácil manter a qualidade de um serviço municipal que tem “a missão e a responsabilidade de transportar as pessoas quer no centro da cidade, quer da periferia para o centro” e que carrega uma forte componente social, sem qualquer apoio do Estado e sem “apoio ao custo social dos transportes públicos”, reforçou, lembrando que, segundo dados de 2017, os SMTUC oferecem 87 linhas, têm 155 viaturas e mais de 450 trabalhadores e transportaram 12,7 milhões de passageiros.
Ainda assim, a CM Coimbra tem implementado medidas sociais relevantes – como não aumentar as tarifas ou, mais recentemente, o passe gratuito para todos os alunos das escolas públicas do concelho – e tem apostado na qualidade prestada pelos SMTUC, sempre com a preocupação da mobilidade sustentável. Aliás, Coimbra é pioneira em muitas matérias nesta área, lembrou Jorge Alves. Foi a primeira cidade em Portugal e introduzir os troleicarros (1947), a colocar as receitas do estacionamento público a reverterem para os transportes públicos (1988), a ter um serviço de Park & Ride, a Ecovia (1997) – projeto este que a autarquia se encontra a recuperar –, a ter um sistema de bilhética com cartões “sem contacto” (2000), a primeira linha de autocarros elétricos (2003) ou, mais recentemente, ações de valorização e promoção da mobilidade sustentável, como a informação em tempo real (informação ao público e gestão e monitorização da frota em tempo real, painéis LED e plataforma MOVE-ME), a criação da Linha do Botânico com miniautocarros híbridos ou a aquisição de 24 autocarros elétricos da nova geração.
Uma aposta na mobilidade elétrica que, conjugada com a sensibilização dos cidadãos para a necessidade de utilizarem os meios de transporte sustentáveis (e as trotinetas elétricas também são uma opção, a partir de amanhã, em Coimbra) e os transportes coletivos em detrimento do automóvel privado, pode fazer toda a diferença no dia de amanhã. Jorge Alves lembrou, contudo, que Coimbra ainda tem um grande défice de educação para a cidadania nesta matéria. O presidente do CA dos SMTUC revelou que, tendo em conta os indicadores de 2017, 71% da população usa viatura própria, 17% transportes públicos e 12% outros. Ainda assim, os dados de 2018, que ainda estão a ser trabalhados, trazem uma boa notícia: os SMTUC não perderam passageiros. “Acho que tem a ver com algumas decisões políticas que tomámos”, congratulou-se Jorge Alves, referindo-se às medidas sociais implementadas pela autarquia, nomeadamente o passe social gratuito para os alunos que estudam em escolas da rede pública concelhia.