A sessão começou com a visualização de um vídeo que faz parte da campanha “Vamos falar”, desenvolvida pela APDC, com o apoio da DGS. No vídeo, o ator português Quimbé falou da sua própria experiência. “Hoje estou aqui porque falei com alguém. Portanto, se vocês estão a passar pelo mesmo, falem”, aconselhou. A campanha tem como missão “ajudar a conhecer, compreender, proteger e vigiar a saúde mental dos cidadãos, bem como quebrar o estigma associado à doença mental através de iniciativas que promovam a literacia nesta área”, indica a APDC, recordando que mais de 40% dos portugueses sofrem, ao longo da vida, de doenças mentais, nomeadamente depressão, ansiedade ou problemas com álcool e drogas e que 65% das pessoas com perturbações mentais não procura ajuda devido, sobretudo, ao estigma.
A CM Coimbra foi a primeira autarquia a aderir à campanha. “A Câmara Municipal aprovou por unanimidade este acordo e vamos outorgá-lo com satisfação, com muita satisfação, sobretudo para continuarmos a passar a mensagem de ‘vamos falar’ e para estarmos atentos e podermos ajudar todos os que se encontram nesta situação, que por vezes só precisam de ser ouvidos”, afirmou Manuel Machado, lembrando que esta campanha ainda mais importante se torna no atual momento em que vivemos. “Estamos a viver um tempo muito especial e não temos de ter medo, nem nos deixarmos confinar ao buraco”, considerou o autarca, acrescentando que “temos de ter esperança e ajudar a vencer este período difícil”.
Depois do protocolo assinado, foi a vez do presidente da APDC falar. Fábio Mateus começou por agradecer ao presidente da CM Coimbra. “A meio do caminho achámos importante contactarmos as autarquias para um trabalho de proximidade. A Câmara Municipal de Coimbra foi a primeira a ouvir-nos e a assinar o protocolo”, salientou. O dirigente recordou, ainda, que esta iniciativa pretende “sensibilizar a população para a saúde mental, através de testemunhos de figuras públicas” e adiantou que o vídeo gravado com o Quimbé “é um dos 15 testemunhos que já temos disponíveis”. Fábio Mateus lembrou, ainda, que um em cada cinco portugueses, ao longo dos últimos meses, cumpriram os critérios para uma avaliação de saúde mental e reforçou que, mais perigoso do que isso é o facto de “65% das pessoas com problemas psicológicos nunca chegarem a procurar ajuda”.
Já João Redondo centrou a sua intervenção no estigma associado à doença. “As pessoas com doença mental são frequentemente alvo de atitudes estigmatizantes e discriminatórias, decorrentes de falsos conceitos associados à nossa cultura e sociedade”. Esse estigma, considerou, “proporciona vergonha, o medo e o silêncio por parte de quem sofre e da família”. João Redondo considerou, contudo, que a COVID – 19, apesar de todos os aspetos negativos que comporta, “tem contribuído para a destigmatização da saúde mental” e que o tema passou a ser mais comum e menos embaraçoso. E defendeu a necessidade de se investir “na literacia em saúde mental (…), para ajudar a esbater atitudes estigmatizantes da família, amigos e população em geral”.
A APDC pretende, assim, com a colaboração da CM Coimbra, “alcançar milhares de pessoas diagnosticadas com alguma forma de doença mental, através da divulgação da campanha “Vamos falar”. A campanha passa pela promoção e divulgação de conteúdos audiovisuais, que irão passar nos canais digitais institucionais e também nos canais tradicionais, como a televisão, a rádio e os jornais. Uma temática que a CM Coimbra considerou, desde o início, relevante e pertinente, nomeadamente tendo em conta o contexto social provocado pela pandemia COVID-19, e a vereadora da Saúde da CM Coimbra, Regina Bento – também presente na sessão – propôs mesmo que a parceria incluísse a realização de um programa de sensibilização para a saúde mental dirigido aos trabalhadores municipais, dado o ambiente de grande angústia e inquietude em que vivemos devido à pandemia.
