A AAC entregou hoje, 22 de abril, em que se assinala o Dia da Terra, contributos para o Programa Municipal para as Alterações Climáticas. No encontro, que decorreu nos Paços do Concelho e no qual participaram também o vereador do Ambiente da CM Coimbra, Carlos Cidade, e os vice-presidentes da AAC, Pedro Dias e Renato Daniel, o presidente da Direção-geral destacou que a Académica “deve ser uma instituição próxima da nossa cidade e da sua população”.
João Assunção elogiou o documento elaborado pela autarquia de Coimbra, que vai ao encontro das principais preocupações da sua geração, informou que os contributos apresentados resultam de intenso debate na Assembleia Magna da AAC e que traduzem “o desejo da academia participar ativamente nos maiores desígnios do município”.
O presidente da CM Coimbra, Manuel Machado, agradeceu o contributo que os jovens estudantes dão à cidade, enaltecendo o muito que a academia tem valorizado Coimbra ao longo dos anos. Os autarcas e os estudantes conversaram ainda sobre o combate à COVID-19, o reinício das atividades letivas em contexto presencial e a retoma das tradições estudantis assim que a pandemia o permita.
No final do encontro, Manuel Machado ofereceu ao presidente da Direção-geral da AAC um vinil, CD e livro “JOSÉ AFONSO AO VIVO”, com investigação e textos de Adelino Gomes, e que foi editado pela Câmara no âmbito do programa de comemorações dos 50 anos da Crise Académica de 1969.
Recorde-se que a consulta pública do projeto de Programa Municipal para as Alterações Climáticas está a decorrer até ao dia 11 de maio. O documento está disponível na página eletrónica do município, devendo as sugestões serem formuladas por escrito e apresentadas na Divisão de Relação com o Munícipe da Câmara, remetidas por via postal ou ainda por correio eletrónico para o endereço geral@cm-coimbra.pt.
Este documento estratégico pioneiro propõe a adoção de 75 medidas de mitigação e adaptação para as alterações climáticas no concelho de Coimbra. O programa define que a visão estratégica do Município de Coimbra deverá ser alcançada por via de quatro objetivos fundamentais: a implementação de medidas de mitigação e de adaptação às alterações climáticas; o aumento da capacidade de adaptação e de resposta aos eventos climáticos extremos; o melhoramento do nível de informação à comunidade, na resposta aos eventos climáticos extremos; e, por último, o reforço da governança, com o envolvimento da sociedade na política municipal de combate às alterações climáticas.
A equipa de trabalho, coordenada pelo técnico superior João Pardal (licenciado em biologia, mestre em ciências das zonas costeiras, doutorando em geografia física e com formação especializada em gestão ambiental) e composta por técnicos superiores de diversas áreas municipais, avaliou vários cenários climáticos para Coimbra, para os períodos entre 2011-2040, 2041-2070 e 2070-2100, a partir dos modelos climáticos designados por Representative Concentration Pathways e, considerando um cenário mais extremo e outro mais moderado, concluiu que será previsível uma diminuição da precipitação média anual (com a redução do período húmido e aumento do período estival), o aumento das temperaturas mínimas, médias e máximas anuais, o aumento da severidade das secas, conjugado com períodos de temperaturas elevadas (o que potencia o aumento do risco de incêndio) e o aumento da ocorrência de fenómenos extremos de meteorologia adversa, em particular precipitação excessiva e tempestades com ventos ciclónicos associadas. É ainda previsível uma maior frequência de eventos de cheias rápidas (flash flood), de natureza destrutiva e de deslizamentos de massas.
Desta forma, e tendo em conta a avaliação do risco, foram identificados como prioritários: a precipitação intensa, as tempestades, tornados e ventos fortes, as temperaturas altas e ondas de calor, sendo expetável um agravamento do seu impacto a vários níveis. Considerando esta avaliação, o programa municipal para as alterações climáticas organiza-se em cinco grandes ações estratégicas, que são: a captura e redução das emissões com efeito de estufa; a redução da exposição a riscos climáticos; a promoção da conservação e valorização da paisagem e da biodiversidade; o melhoramento da gestão integrada dos recursos hídricos; e a sensibilização e informação da população.
A equipa responsável pela elaboração do programa estratégico identificou, assim, cinco grandes ações globais, que por sua vez integram 75 medidas de mitigação/adaptação, para o presente e futuro, que abrangem setores chave como a agricultura, a biodiversidade, a economia, a energia, as florestas, a saúde, a segurança de pessoas e bens, os transportes e as comunicações, os recursos hídricos, a educação para a cidadania, entre outros, tais como o ordenamento do território ou a gestão de resíduos. As medidas que foram definidas irão reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e tornar o concelho mais descarbonizado; melhorar o conforto térmico e reduzir os consumos energéticos; reduzir os impactos dos efeitos da meteorologia adversa; reduzir as vulnerabilidades climáticas e tornar o concelho mais resiliente; aumentar as áreas verdes, valorizar os recursos hídricos e ordenar a floresta; integrar a componente das alterações climáticas nos instrumentos de gestão do território e nos planos de emergência e setoriais; e melhorar o nível de informação da sociedade.
O programa municipal para as alterações climáticas tem um alcance temporal até 2030 e prevê que as medidas preconizadas sejam monitorizadas pelos serviços municipais, sendo o acompanhamento feito por uma comissão que será criada para o efeito, de natureza consultiva e de apoio à decisão.
Recorde-se que a CM Coimbra tem vindo a desenvolver diversas ações de combate às alterações climáticas e aos seus impactos. Desde logo, o desassoreamento do leito do rio Mondego (um investimento de 4M€); a construção da ciclovia de Coimbra, entre a estação ferroviária Coimbra B e o Vale das Flores e a Portela, num percurso de 20km (2,2M€); a aquisição de 10 novos autocarros 100% elétricos para reforçar a frota dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (4M€), a aquisição de mais 14 autocarros 100% elétricos (4.7M€); e várias empreitadas de reabilitação energética do edificado municipal, a começar pelos bairros do Ingote, da Rosa e da Conchada (ascende a 6M€). A estas medidas acrescem outras, como a elaboração e execução do plano de arborização para a cidade; o projeto de Regulamento Municipal Coimbra Cidade Sustentável, para incentivar a produção de energia fotovoltaica para autoconsumo; a instalação de dispositivos de controlo e de redução da velocidade rodoviária; a implementação de medidas para a desmaterialização de processos administrativos; e as limpezas ambientais nas margens do rio Mondego.
Consulte o Programa Municipal para as Alterações Climáticas em: https://www.cm-coimbra.pt/areas/e-balcao/documentos-em-apreciacao-publica