Na sequência da adjudicação deliberada pelo Executivo municipal na reunião de 11 de novembro do ano passado, a empresa Construtora San Jose, SA tem, a partir de hoje, 540 dias para cumprir o projeto de intervenção, que visa a reabilitação geral do edificado. As obras vão decorrer de forma faseada e com recurso a blocos no espaço exterior, de forma a minimizar o impacto nas atividades letivas. A escola, construída em 1972 para o então designado ensino preparatório, é constituída por oito blocos e tem uma capacidade para 1.008 alunos, distribuídos por 18 turmas do 2º ciclo e 18 turmas do 3º ciclo do EB. O seu estado de conservação é mau, fruto da falta de manutenção ao longo dos mais de 50 anos de utilização, sendo que a única obra realizada foi a da nova cobertura, executada em 2022.
O presidente da CM de Coimbra caracterizou este como “um dia feliz” por se assinalar mais uma “obra importantíssima para a comunidade escolar”. José Manuel Silva sublinhou que serão “540 dias de transtorno”, mas que será um “transtorno bem-vindo”, reforçando as palavras da representante da Associação de Pais. “Se não nos pararem, vamos continuar a reabilitar as escolas de Coimbra”, conclui o autarca.
O maior problema construtivo prende-se com a questão térmica, uma vez que não tem qualquer tipo de isolamento nas paredes, nos tetos e nos pavimentos e as grandes áreas envidraçadas sem estores ou palas de proteção originam uma grande perda de energia durante o inverno e uma grande acumulação de calor no verão. Pretende-se, pois, que a requalificação proporcione um maior conforto térmico e menores consumos de energia, através de painéis fotovoltaicos, bombas de calor, ar condicionado e iluminação LED. O projeto prevê que as paredes sejam isoladas termicamente pelo interior (exceto no Bloco F), permitindo a manutenção da leitura do tijolo à vista e do betão; que os estores sejam de lâminas orientáveis, orientados a sul e a poente; que sejam colocadas telas blackout no interior; que fique adaptado às exigências das competências digitais; e que garanta a acessibilidade, inclusão e respostas rápidas na unidade de deficiências.
Há, ainda, uma preocupação em manter a identidade, mas uniformizar a imagem da escola, através de opções neutras e contemporâneas. Pretende-se manter a imagem do tijolo e do betão nos oito blocos, pelo que estes serão recuperados na sua cor natural. As portas de entrada nas salas de aula vão ter cor laranja contrastante e intensa nos alçados e o pátio central, de todos os blocos, será coberto, com iluminação lateral e sistema de ventilação. Será a zona de convívio.
O edifício principal vai acolher a secretaria, o salão polivalente, bem como o refeitório e a cozinha, que serão ampliados. É também o espaço da biblioteca, de salas de trabalho para professores e atendimento aos pais. O bloco A vai acolher a Unidade Especial de Ensino, composta por um gabinete, instalações sanitárias comuns e acessíveis, uma sala snozelen, uma sala para atividades da vida diária, uma sala multideficiência e uma sala de autismo com seis postos de atendimento. Esta unidade vai integrar, ainda, cinco salas de aula, dois gabinetes de trabalho e um gabinete de Educação Especial. Pretende-se eliminar os desníveis do edifício principal e do bloco A e facilitar o acesso a todos os espaços.
Já o bloco B, o mais central e onde convergem todos os docentes, vai ter uma sala de professores e áreas de trabalho para os docentes, bem como cinco salas de aula, duas salas de laboratório, uma sala anexa e instalações sanitárias comuns e acessíveis. O bloco C vai ter cinco salas de aula, duas salas de Artes/Educação Visual, dois gabinetes de trabalho, uma sala anexa, uma sala de auxiliares e instalações sanitárias comuns e acessíveis. Por sua vez, o bloco D vai ter seis salas de aula, duas salas de Artes/Educação Visual, dois gabinetes de trabalho, uma sala anexa e instalações sanitárias comuns e acessíveis. Vão ser eliminados os desníveis de todos os blocos e facilitado o acesso a todos os espaços.
O bloco E vai ter uma área menor, em forma retangular. O espaço vai acolher o novo auditório, dedicado a ações de formação e eventos de Teatro/Música, com uma lotação máxima de 90 pessoas. O bloco E acolhe, ainda, uma sala de Música, arrumos e bastidores, camarins e instalações sanitárias. Já o bloco F, uma construção mais recente e tipologia diferente dos restantes, vai ter dois pisos e acolher sete salas de aula, quatro laboratórios, quatro salas anexas, um gabinete, uma sala LED e instalações sanitárias comuns e acessíveis.
Por último, para o bloco G está prevista a recuperação do pavilhão gimnodesportivo e a construção de quatro módulos de apoio, a sul do pavilhão, com dois balneários, uma sala de Dança/Ginástica, uma sala de professores e zona técnica. Está, ainda, prevista a construção de arrumos para material desportivo a norte do pavilhão. No exterior, o espaço será adaptado para permitir novas modalidades desportivas, beneficiando de um novo campo de basquetebol, uma pista de corrida Mega Sprinter e uma pista de saltos para caixa de areia. O bloco H, o campo polidesportivo vai passar a ter uma cobertura em estrutura metálica, pavimento em betão poroso e uma rampa de acesso ao patamar superior das bancadas: acessibilidades por pessoas com mobilidade reduzida.
Os espaços exteriores, compostos por áreas amplas e bastantes zonas verdes, acusam problemas nos muros de vedação e de suporte, nos pavimentos partidos e envelhecidos e apresentam muitos desníveis. Vão, por isso, ser revistos todos os pavimentos e serão recuperados todos os elementos de betão, nomeadamente bancos, mesas, floreiras e bebedouros. Vão ser criadas rampas de ligação aos diversos patamares da escola e eliminadas barreiras arquitetónicas. A portaria da entrada principal será requalificada e serão criadas hortas e novas áreas de recreio. Está, ainda, previsto o aumento da biodiversidade local com novas plantações e eliminação das espécies invasoras.
Do projeto de execução, constam os projetos de arquitetura, de estabilidade, de instalação de gás, de redes prediais de água e esgotos, de águas pluviais, de alimentação e distribuição de energia elétrica, de instalações eletromecânicas, de infraestruturas de telecomunicações, de arquitetura paisagista, de condicionamento acústico, de segurança contra incêndios em edifícios, bem como o estudo de comportamento térmico e os planos de segurança e saúde, de gestão de resíduos de construção e demolição, as condições técnicas especiais, medições e orçamentos, incluindo, ainda, o sistema solar fotovoltaico para autoconsumo, segurança integrada, sistema de gestão técnica centralizada e certificação energética.
O projeto de beneficiação e de reabilitação da EB Eugénio de Castro, aprovado na reunião de Câmara de 2 de abril, visa fundamentar o investimento previsto no Acordo Setorial de Compromisso no domínio da Educação, celebrado entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios Portugueses a 22 de julho de 2022. Recorde-se que a candidatura de requalificação e de beneficiação da EB Eugénio de Castro, no valor de 9,7 M€, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi aprovada em junho deste ano. A intervenção na EB Eugénio de Castro ascende a 10 M€ de um pacote em que, relembre-se, a região Centro tem a maior fatia dos 450 M€ afetos a este aviso de abertura.
Créditos fotográficos: Câmara Municipal de Coimbra | João Paulo Silvano
Vídeo: Câmara Municipal de Coimbra | Marta Costa