Os interessados podem apresentar, por escrito, sugestões, informações ou reclamações, através de requerimento nos serviços de atendimento ao público da Câmara Municipal de Coimbra (no Mercado Municipal D. Pedro V ou na Loja do Cidadão), por endereço de correio eletrónico, para geral@cm-coimbra.pt ou, ainda, por correio postal, para a morada Praça 8 de Maio, 3000 – 300. O processo pode ser consultado nos serviços de atendimento ao público da Câmara Municipal, durante o horário de expediente, das 8h30 às 16h30, ou na página web da autarquia, aqui.
A proposta de classificação do painel de azulejos da autoria de Vasco Berardo como Bem de Interesse Municipal, bem como a realização de um inventário da vasta obra de Vasco Berardo, com o intuito da sua eventual classificação, conservação, preservação e valorização futura, foi aprovada na reunião do Executivo de 16 de dezembro do ano passado, depois da CM de Coimbra ter sido notificada do arquivamento, por parte da Direção-Geral do Património Cultural, do pedido de classificação de âmbito nacional.
A proposta da CM de Coimbra refere que a obra de Vasco Berardo “representa inegavelmente um valor patrimonial com significativa importância a nível artístico, bem como histórico-cultural e social, como testemunho de uma época específica da arte portuguesa e de vivências e factos históricos de singular importância a nível local”.
Acrescenta-se que se evidencia por um lado a qualidade artística do painel, pela cor, pelo caráter da representação, pela presença do neorrealismo que se insere numa primeira geração dos modernistas portugueses, mas também pelo significado no contexto político e social de então. “Se tivermos em consideração os elementos essenciais para a fundamentação de um processo de classificação de um bem imóvel, nomeadamente os critérios gerais, de carácter histórico-cultural, estético-social e técnico-científico, e os critérios complementares, de integridade, autenticidade e exemplaridade, parece-nos que este painel lhes corresponde inteiramente”, refere a proposta.
O parecer refere, ainda, “a sua importância a nível histórico-social e artístico, ao que se acresce o seu simbolismo e valor imaterial, como testemunho de uma época crucial em termos político-sociais, encontra-se interligada à figura de Vasco Berardo, artista de relevo, quer na cidade de Coimbra, que lhe valeu em 2010 a distinção com a Medalha do Centenário da República Portuguesa pela Câmara Municipal de Coimbra, quer a nível nacional e internacional, que lhe valeram outras distinções idênticas”.
Vasco do Vale Berardo de Andrade nasceu a 5 de novembro de 1933, em Coimbra, onde veio a falecer a 1 de julho de 2017. Fez a instrução primária na escola de Celas, e com apenas 12 anos de idade vai frequentar o atelier do Mestre José Contente (1907-1957), com quem teve aulas particulares, onde começa a aperfeiçoar as técnicas de desenho e gravura. Em 1946 ganha o 1.º prémio de desenho no Salão Provincial de Educação Estética, e, nesse mesmo ano, começa a trabalhar na Estatuária Artística de Coimbra. Em 1948 vai trabalhar para uma fábrica, a Cerâmica de Souselas, onde irá permanecer até aos 16 anos, no sentido de se poder dedicar mais intensamente à cerâmica artística e de conhecer as técnicas utilizadas. Segundo as informações disponibilizadas, terão contribuído para o seu enriquecimento profissional os mestres Manuel Pereira, oleiro, António Vitorino, aguarelista, e o arquiteto Fernandes. Juntamente com outros jovens artistas, vai fundar o grupo denominado “Os Novos de Coimbra”, com os quais participará em várias exposições coletivas entre 1951 e 1956.
Quanto ao Café-Restaurante Mandarim, com projeto e decoração do arquiteto Carlos de Almeida, foi inaugurado em 1960. Para o mesmo, foi feita uma encomenda a Vasco Berardo, de um painel de azulejos de grandes dimensões, que foi executada pelo artista aos 25 anos de idade, entre 1959 e 1960.