13 Novembro 2020

Coimbra homenageia Álvaro Cunhal junto à casa onde nasceu em novembro de 1913

Coimbra homenageia Álvaro Cunhal junto à casa onde nasceu em novembro de 1913

A cidade de Coimbra homenageou, ontem, Álvaro Cunhal, que nasceu numa casa na atual Rua do Brasil, a 10 de novembro de 1913. Na cerimónia, onde foi descerrada uma placa em remo, participaram o presidente da CM Coimbra, Manuel Machado, e o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa.

Na sua intervenção, Manuel Machado considerou Álvaro Cunhal “uma das figuras mais relevantes do século XX em Portugal”, salientando que “a sua atividade política pautou-se, desde o início, pela afirmação da luta contra a ditadura salazarista, contra as desigualdades, contra a negação dos direitos de cidadania de todo e qualquer indivíduo”.

 

Da sua atuação como secretário-geral do PCP, Manuel Machado destacou o facto de Cunhal ter sabido decidir, nas horas chave, “com notável sentido patriótico pela paz entre os portugueses, pela ação política nos locais próprios, pelo Estado de Direito e pelo respeito da vontade dos portugueses expressa em eleições livres e democráticas”.

 

“Poucos líderes políticos tiveram em Portugal tanto carisma, tanta capacidade de liderança, tanto alcance na consciência política dos cidadãos”, referiu o presidente da CM Coimbra, acreditando que a cidade terá tido alguma influência no seu percurso – “algo do espírito desta cidade – da sua permanente tensão entre as ideias mais avançadas que, em cada momento histórico, cá se discutem e do conservadorismo típico das elites das regiões das Beiras – algo deste espírito de Coimbra lhe marcou”.

 

“Como diz a placa em remo que hoje descerramos, Álvaro Cunhal honra a cidade de Coimbra. E é com muita honra que a cidade lhe presta esta homenagem!”, concluiu o autarca.

 

 

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou que a obra e o pensamento de Álvaro Cunhal são “contributos inestimáveis” num momento em que o país “enfrenta graves problemas”. “Num momento em que o país enfrenta graves problemas que uma política contra Abril promoveu e a atual pandemia agravou […], a luta, a obra e o pensamento de Álvaro Cunhal projetam-se como contributos inestimáveis para a conquista de um futuro que tenha como referência os valores de Abril”, afirmou Jerónimo de Sousa.

 

No discurso, Jerónimo de Sousa alertou para um momento em que “certas forças se insinuam e tentam normalizar práticas e políticas contra aquela que foi uma das mais importantes realizações do povo português”, o 25 de Abril.

 

“É ocasião para reafirmar, com toda a confiança, que o melhor do caminho histórico de Abril ainda está para vir e que, mais tarde ou mais cedo, a luta dos trabalhadores e do povo, a luta dos democratas, não deixará morrer o sonho de ver retomados os seus caminhos e a concretização plena dos seus valores”, frisou.

 

Numa intervenção que durou cerca de dez minutos, Jerónimo de Sousa recordou a obra e o legado de Álvaro Cunhal, que morreu em 2005, desde a importância que este teve na luta contra o Estado Novo à sua intervenção política após a revolução, passando pelo seu trabalho teórico de estudos e análise política e histórica ou pelas obras que deixou como escritor e pintor.

 

“É para nós inquestionável que são os povos que fazem a história, mas é inquestionável também que ela precisa do concurso dos homens certos, em cada momento, para lhe dar rumo e movimento – de homens como Álvaro Cunhal”, realçou.

 

 

Secretário-geral do PCP entre 1961 e 1992, Álvaro Cunhal foi um “dirigente comunista, lutador antifascista pela liberdade, a democracia e o socialismo”, tendo resistido à “clandestinidade e ao exílio e, enquanto preso político, à tortura e ao isolamento”, lê-se na placa ontem descerrada por Manuel Machado e Jerónimo de Sousa.

 

LUSA / CM Coimbra

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