8 Fevereiro 2024

Ciclo de conversas sobre judeus e sua história tem início amanhã no Edifício da Inquisição

Ciclo de conversas sobre judeus e sua história tem início amanhã no Edifício da Inquisição

A Câmara Municipal de Coimbra está a organizar um ciclo de conversas, intitulado “Entrelaçando a História e a Ficção”, que vai trazer a Coimbra cinco escritores que, em comum, têm o facto de nos contarem a história dos judeus e da inquisição, a partir de obras literárias que entrecruzam ficção com fontes históricas. Jorge Martins, autor de “A Confitente”, é o primeiro a participar neste programa que tem início já amanhã, dia 9 de fevereiro, às 18h00, no Edifício da Inquisição, no Pátio da Inquisição. As próximas conversas, que vão decorrer uma por mês, até junho, vão contar com a presença de Esther Mucznik, Richard Zimler, Cecília Abreu e Maria Antonieta Garcia.

“Entrelaçando a História e a Ficção” é um ciclo de conversas promovido pela CM de Coimbra, através da Divisão de Museologia, pensado para mostrar autores que, nas intersecções do processo de criação literária entrelaçam os fios históricos, costurando narrativas que ecoam tempos passados e verdades ancestrais. E, também, para dinamizar o espaço museológico do Edifício da Inquisição, onde a Câmara Municipal tem patente, desde 2 de julho de 2021, a exposição Judeus de Coimbra, com curadoria de Berta Duarte.

 

Jorge Martins, autor de “A Confitente”, é o primeiro a participar neste programa que tem início já amanhã, dia 9 de fevereiro, às 18h00, no Edifício da Inquisição. Jorge Martins é doutorado em história contemporânea pela Faculdade de Letras de Lisboa. Foi professor de história desde 1978, autor de manuais escolares, obras de ficção e ensaios, designadamente, sobre história contemporânea, história local e estudos judaicos e inquisitoriais. Em 2019, foi lançada a sua obra “A Confitente”, que nos conta a história de Grácia Henriques, uma menina judia, de 12 anos, que se entregou no Palácio dos Estaus, sede da Inquisição de Lisboa, depois de uma tentativa gorada de fugir num navio inglês para um reino onde pudesse praticar livremente o judaísmo, na sequência da prisão de sua mãe e da fuga de seu pai.

 

Grácia Henriques era descendente de judeus beirões pelo lado paterno, os Rodrigues, e de judeus castelhanos pelo lado materno, os Laguna. É uma história exemplar do sofrimento incutido aos judeus portugueses pela Inquisição, baseada em factos históricos e personagens reais, cuja ação decorre em Lisboa, onde viviam os Laguna, e no Sabugal, onde viviam os Rodrigues. É possível observar, na narrativa, práticas e cerimónias dos cristãos-novos, a sua diáspora forçada, o drama de viver entre dois mundos (o judaico e o cristão) e a dificuldade em ser aceite por ambos.

 

A próxima sessão vai decorrer em março, no dia 8, às 18h00, e a convidada é Esther Mucznik, autora da obra “Grácia Nasi”, uma judia portuguesa do século XVI que desafiou o seu próprio destino. Segue-se nova conversa no dia 19 de abril, sempre à mesma hora, com Richard Zimler, autor de “A Aldeia das Almas Desaparecidas”, que nos transporta para o ano de 1671 e a história dos judeus em Castelo Rodrigo, localidade situada a 15 quilómetros da fronteira de Escarigo, onde anos antes, em 1664, uma pequena guarnição de militares portugueses, apoiados pelo povo, derrotou a investida castelhana, na Batalha da Salgadela.

 

O ciclo prossegue no dia 3 de maio, com a presença de Cecília Abreu, autora de “Judeus Sefarditas”, uma história onde a fé e a esperança arderam nas fogueiras da inquisição e onde a personagem David Yossef confere na narrativa veracidade, beleza e emoção e apresenta o confronto de ideias, os rituais de vida e morte e o drama da inevitabilidade de reencontro familiar com Judá Emanuel que, devido à perseguição e denúncia, fora queimado nas fogueiras da inquisição em Coimbra. “Entrelaçando a História e a Ficção” termina a 7 de junho com Maria Antonieta Garcia, autora de “Ana dos Rios na Inquisição”. A protagonista desta história, Ana dos Rios, covilhanense, possuía um livro sobre o método de celebrar festas judaicas. Proibido, de acordo com as leis da época, o livro é o fio da trama que os inquisidores torcem e enredam, em múltiplas sessões de interrogatórios, na Sala do Tormento.

 

 

 

 

 

 

 

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