A Rua do Loureiro, 9 foi o tema central da conferência de António Pedro Pita sobre o poeta João José Cochofel. E esta representa, refere o orador, “a casa de família de João José Cochofel, onde o poeta viveu até se instalar definitivamente em Lisboa. É, em segundo lugar, um espaço de reunião e debate cultural, artístico e político de uma jovem elite intelectual em formação na Coimbra dos anos 30 e 40. É, finalmente, um lugar que, ao transfigurar-se, quer na poesia de João José Cochofel, quer na ficção de Fernando Namora (sobretudo no romance «Fogo na Noite Escura»), ganhou o estatuto mítico de lugar de revelação por excelência de uma autoconsciência geracional, que perdurará na cultura portuguesa do século XX”.
A palestra pretendeu, pois, segundo o orador, “fazer a reconstituição destes três momentos. E, ao fazê-lo, mostrar que João José Cochofel foi, ao mesmo tempo, um intelectual ativo, que fundiu a sua luta na luta de muitos dos companheiros e um poeta singular que afirmou a individualidade da sua poesia na polifonia de várias produções poética geracionais”.
+Info:
António Pedro Pita é doutorado em Filosofia Contemporânea (“A experiência estética como experiência do mundo”), com interesses na área da cultura portuguesa dos séculos XIX e XX, e tem-se ocupado das relações entre a arte e a política. Na sua permanência de seis anos como diretor regional de Cultura do Centro (2005-2011), foram especialmente importantes os problemas referentes ao ordenamento cultural do território e às relações entre a tradição e a modernidade como eixo da identidade cultural.
João José Cochofel
Nasceu em Coimbra, a 17 de julho de 1919, no seio de uma família aristocrata e profundamente acolhedora de toda uma geração de escritores que vieram a integrar vários movimentos literários, dos quais se destaca o neorrealismo. Foi um dos principais organizadores do Novo Cancioneiro e fez parte do grupo de fundadores das revistas Vértice, Altitude, Presença, Seara Nova e Gazeta Musical e de Todas as Artes, nas quais colaborou como poeta e crítico literário e musical. Da sua obra destaca-se Instantes (1937), Búzio (1940), Sol de Agosto (1941), Os Dias Íntimos (1950), Iniciação Estética (!958), Um Rosa no Tempo (1970), O Bispo de Pedra (1975), Críticas e Crónicas (1982).