Foi com a sala cheia da antiga igreja do Convento São Francisco e no cumprimento rigoroso de todas as regras e orientações da Direção-Geral de Saúde no contexto da pandemia da COVID-19, que hoje se celebrou Coimbra e a sua padroeira, homenageando as entidades, referiu Manuel Machado, “que, de entre muitas outras, se têm destacado na vida da nossa cidade”. “A Câmara Municipal saúda e encoraja todos os demais que, com o seu labor e prestígio, continuem contribuindo para o engrandecimento da cidade e sua Região”, salientou o presidente da autarquia, no discurso que encerrou a cerimónia, depois de entregar pessoalmente as medalhas de ouro às entidades distinguidas.
O jornal Diário de Coimbra, que assinala este ano 91 anos de atividade, foi uma das entidades homenageadas. “Coimbra é conhecimento, é informação e democracia. E não há democracia sem imprensa livre”, afirmou Manuel Machado, considerando que “o Diário de Coimbra é disso um notável exemplo”, pois nove décadas após a sua fundação “continua ao serviço das populações e dos seus leitores, levando avante a sua missão principal: informar do que mais relevante se passa em Coimbra e na Região das Beiras, com verdade e rigor. “É hoje o mais antigo diário português que se mantém na família do seu fundador: Adriano Viegas da Cunha Lucas”, acrescentou.
“A Câmara Municipal distingue o Diário de Coimbra com a Medalha da Cidade – Grau Ouro, o seu fundador e a família proprietária bem como os trabalhadores, os atuais e os que ao longo dos tempos foram construindo uma casa que se tornou numa referência na imprensa regional portuguesa”, afirmou, ainda, Manuel Machado, sustentando o reconhecimento pela “longevidade, qualidade e pelos valores da liberdade, da independência, do regionalismo e da ética republicana” que caraterizam o periódico e salientando que esses valores ganham uma relevância num tempo em que ganham força “movimentos populistas”, campanhas de desinformação e a propagação das chamadas fake news nas redes sociais. “Ao homenagear o Diário de Coimbra queremos também evocar o papel cada vez mais fulcral do jornalismo e dos jornalistas na sociedade”, acrescentou Manuel Machado, apelando “a que os jovens, de todas as idades, não dispensem os meios tradicionais para se informarem fidedignamente sobre a cidade, o país e o mundo”.
A medalha de ouro foi recebida pelo diretor do jornal, Adriano Callé Lucas. “É com muito orgulho que o Diário de Coimbra recebe hoje esta distinção. É um tributo a todos os jornalistas, a todos os profissionais que têm produzido este jornal e, claro, também ao meu avô, o seu fundador, e ao meu pai”, agradeceu Adriano Callé Lucas, referindo ainda que “o ano que passou trouxe-nos a todos grandes desafios” e que o Diário de Coimbra sentiu a sua “sobrevivência ameaçada”. Com as maiores dificuldades já ultrapassadas o diretor do periódico assegurou que o Diário de Coimbra “mantém a sua missão de produzir informação fidedigna, isenta e de qualidade”. “Podem continuar a contar todos os dias com o Diário de Coimbra na sua missão de informar”, assegurou.
A APPACDM de Coimbra, que apoia atualmente mais de 1200 cidadãos com deficiência intelectual entre os concelhos de Arganil, Cantanhede, Montemor-o-Velho e Coimbra, foi outra das entidades homenageada. “Coimbra é inclusão, solidariedade e esperança. A APPACDM de Coimbra, com mais de 50 anos de atividade, é uma ímpar instituição de solidariedade social que nos enche de orgulho. Sempre numa perspetiva evolutiva, dinâmica e inovadora, a APPACDM de Coimbra tem ampliado e melhorado continuadamente os seus serviços, criando respostas ajustadas às necessidades e especificidades das pessoas acolhidas e suas famílias”, salientou Manuel Machado, referindo que distinção honorífica atribuída “enaltece o trabalho realizado por esta associação e pelos seus dedicados profissionais, que ajudam Coimbra a ser uma cidade mais inclusiva e justa”.
A presidente da associação, Helena Albuquerque, proferiu um dos discursos mais emotivos da sessão, agradecendo à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal de Coimbra a distinção feita “à casa das histórias”. Numa referência à sua vida pessoal e partilhando a experiência de ter um filho com síndrome de Down, Helena Albuquerque fez questão de mostrar a todos os presentes que a APPACDM é “um sítio onde se constrói vidas, vidas melhores”. “Eu não imagino a minha vida sem a APPACDM. A APPACDM representa precisamente a vida das pessoas. (…) É a história da Zezinha, da Paula, de tantos outros, é uma casa de histórias”, sublinhou Helena Albuquerque, dedicando a medalha de ouro a “todos os colaboradores da APPACDM de Coimbra”, a “todos as famílias que vivem este problema”, “a todos os amigos da associação” e, por último, mas especialmente, “a todas as pessoas com deficiência intelectual”. “Eles são os nossos principais heróis”, afirmou.
A outra entidade homenageada foi o IPO de Coimbra, porque Coimbra, referiu o presidente da Câmara, também é “saúde, é investigação e emoção”. “O IPO de Coimbra é, hoje, uma instituição incontornável e de referência na prestação de cuidados de saúde ao doente oncológico, com qualidade e humanismo. Depois de um ano particularmente exigente para os profissionais de saúde e para os doentes, queremos destacar o trabalho feito pelo IPO mesmo num contexto pandémico. E isto só foi possível com a dedicação dos seus profissionais”, referiu Manuel Machado. “Com eles, o IPO de Coimbra tem conseguido ser fiel ao compromisso de bem cuidar do doente oncológico e das suas famílias, sendo uma referência em Coimbra, na Região e no país”, concluiu o presidente da Câmara, aproveitando a ocasião para reafirmar “não pode haver mais delongas nas decisões inadiáveis sobre a nova Maternidade de Coimbra nem sobre o Hospital dos Covões”.
“Este é um dia muito importante para o IPO de Coimbra. É o reconhecimento do esforço de todos os profissionais”, afirmou a presidente do Conselho de Administração do IPO de Coimbra, Margarida Ornelas, agradecendo o empenho de todos os profissionais que fazem a instituição e dos seus colegas, membros do Conselho de Administração. “Este reconhecimento é também importante por ser num ano marcado pela pandemia, em que tivemos que nos reinventar e readaptar, procurando assegurar cuidados de saúde com qualidade e mantendo humanização desses cuidados. Esta medalha é de todos os profissionais do IPO”, sublinhou Margarida Ornelas, referindo ainda todos os investimentos que estão em curso, nomeadamente o de requalificação do edifício (na ordem dos 28 milhões de euros) e que indicam que “o futuro promete ser auspicioso”.
A medalhas da Cidade – Grau Ouro foram entregues pelo presidente da Câmara aos respetivos responsáveis pelas entidades homenageadas. Antes, porém, foram lidos textos de reconhecimento às entidades. A vereadora da Cultura da CM Coimbra, Carina Gomes, foi responsável pelas palavras de enaltecimento ao Diário de Coimbra, Nuno Freitas pelo reconhecimento à APPACDM, pois enquanto membro da Assembleia Municipal foi o primeiro subscritor da proposta de resolução para o reconhecimento da instituição, e a vereadora da Saúde da CM Coimbra, Regina Bento, pelo discurso de enaltecimento ao IPO.
A atribuição das distinções honoríficas ao jornal Diário de Coimbra, à Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) e ao Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra Francisco Gentil, E.P.E. foi aprovada, por unanimidade, na reunião extraordinária do executivo municipal de 30 de junho, por proposta de Manuel Machado, subscrita por todos os vereadores. As distinções honoríficas do Município de Coimbra têm por finalidade homenagear publicamente pessoas singulares ou coletivas, nacionais ou estrangeiras, que contribuam para a elevação e dignificação deste Município, bem como aquelas que se distingam dos demais pelo seu reconhecido mérito, prestígio, cargo, ação, serviços ou contributos em prol da comunidade, conforme o disposto no Regulamento Municipal das Distinções Honoríficas (Edital n.º 23/2015).
Pode rever a sessão solene aqui:
