26 Janeiro 2022

CM Coimbra atribui nome de Judite Mendes de Abreu a sala nos Paços do Concelho

CM Coimbra atribui nome de Judite Mendes de Abreu a sala nos Paços do Concelho

A Câmara Municipal (CM) de Coimbra atribuiu esta manhã o nome de Judite Mendes de Abreu a uma sala situada no edifício dos Paços do Concelho. A sessão contou com a presença do presidente da CM Coimbra, José Manuel Silva, e da família da primeira mulher eleita presidente da CM Coimbra, em 1976, e da Assembleia Municipal (AM) de Coimbra, em 1983, sendo até hoje a única mulher a ter ocupado estes cargos.

 

A autarquia homenageou hoje a primeira mulher eleita presidente da CM e da AM de Coimbra, atribuindo o nome de Judite Mendes de Abreu a uma sala dos Paços do Concelho.

 

Em dezembro de 1976, Judite Mendes de Abreu foi eleita, como independente nas listas do Partido Socialista, presidente da CM Coimbra, cargo que desempenhou até dezembro de 1979, tendo tido início durante o seu mandato obras de vulto decisivas para o futuro do concelho.

 

Para além de ter sido a primeira mulher autarca eleita após o 25 de Abril, nas eleições autárquicas de 1976, Judite Mendes de Abreu foi, até aos dias de hoje, a única mulher a presidir ao órgão executivo da autarquia de Coimbra. Anos mais tarde, em 1983, tornou-se também na primeira mulher a assumir a presidência da AM de Coimbra, cargo que ocupou até 1986, sendo também até hoje a única mulher a ter ocupado este cargo.

 

Pelo meio, entre 1980 e 1982, notabilizou-se como vereadora da CM Coimbra. Do seu trabalho evidencia-se a sua visão alargada do mundo, desenvolvendo relações de amizade e cooperação com cidades de outros países como a França, a Espanha, a República Democrática Alemã, entre outras. Destaque para a geminação de Coimbra com Poitiers, em 26 de fevereiro de 1979, cidades que vão desenvolver, em 2022, o projeto Vivons l’Europe en route pur Poitiers/Coimbra.

 

Em 1983 foi agraciada com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, o General Ramalho Eanes. Em 2002, foi agraciada com a “Medalha de Ouro da Cidade”, pela Câmara Municipal de Coimbra, evidenciando o reconhecimento por parte da cidade à qual Judite Mendes de Abreu consignou grande parte da sua vida.

 

Nota biográfica:

 

Maria Judite Pinto Mendes de Abreu nasceu a 16 de fevereiro de 1916, na freguesia de São Julião, na Figueira da Foz. Filha de Maurício Augusto Águas Pinto, comerciante industrial, e de Guilhermina Andrade Pinto, doméstica, descendia de uma família abastada, da classe média.

 

Enquanto estudante teve um intenso e bem-sucedido percurso escolar. Esteve na Figueira da Foz até ao 5º ano, ingressando depois no Liceu José Falcão, em Coimbra, situado junto das Escadas Monumentais, e aos 16 anos, em 1933, entra na Universidade de Coimbra acabando por se formar em dois cursos, Letras (Germânicas) e Direito.

 

Casou-se pelo civil com Pedro Falcão Mendes de Abreu a 23 de março de 1940, na Figueira da Foz, e teve dois filhos, António Mendes de Abreu (n. 1942, licenciado em Medicina) e Pedro Mendes de Abreu (n. 1946, licenciado em Direito). Em 1960 viria a falecer o marido, tendo o primeiro filho falecido a 15 de agosto de 1979, com apenas 33 anos.

 

Na sua atividade pública encontramo-la como Presidente da Comissão Administrativa da Câmara da Figueira da Foz de outubro de 1974 a dezembro de 1976, autarquia que a homenageou em 1982, com a medalha da cidade e o correspondente título de Cidadã Honorária.

 

Mas a sua intervenção na vida portuguesa não se restringe só à atividade pública. Foi igualmente interveniente, como cidadã responsável, na atividade privada. Destacou-se como cidadã conimbricense, ativista, defensora da liberdade, e dos direitos das mulheres, tendo integrado neste âmbito o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.

 

A sua atividade de oposição ao regime do Estado Novo levou-a a tornar-se militante do MUD (Movimento de Unidade Democrática), tendo apoiado a candidatura do General Norton de Matos às eleições de 1949. Integrou também, entre 1970-1974, a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos e ainda C.N.A.R.P.A. (Comissão Nacional de Apoio aos Refugiados Políticos Antifascistas,), entre 1974-1975, sendo evidente a sua humanidade e solidariedade para com os presos políticos, numa clara repulsa perante as injustiças vivenciadas na época. Apoiou também a Comissão Organizadora do Tribunal Cívico Humberto Delgado, entre 1977-1978, órgão criado para denunciar e julgar os crimes vivenciados na época da ditadura e para prender os informadores da PIDE.

 

Logo após o 25 de Abril, é notória a confiança que os partidos políticos importantes na cena nacional da época depositavam nesta personalidade pública como atuante de mérito na vida política no momento difícil e conturbado da vida nacional.

 

Além de professora do ensino particular, pois fora-lhe vedado o ensino público por razões políticas, foi de 1961 até 1994 sócia-gerente do Teatro Avenida, em Coimbra.

 

Faleceu a 10 de maio de 2007, depois de uma vida inteira dedicada ao serviço do país e sobretudo de Coimbra, quer no campo da oposição à ditadura, quer na construção da democracia.

 

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